*expressão que quando usada de forma repetitiva, como muleta, se revela em algo deveras irritante.
Baixou em mim algum mau feitio e então vamos acelerar lá isto.
Não entendo a ideia de ir de férias para sítios em guerra. Não concebo onde fica aquela coisa do encaixe moral de estar apanhar sol num sítio paradisíaco enquanto a quilómetros de distancia há mortes, ataques bárbaros a civis e um pais enfiado na sua chacina pessoal. Como é que nós nos sentiríamos se estivéssemos em guerra civil de Setúbal para norte, com mortes em catadupa, e no Algarve estivesse tudo na bolha, cheio de turistas a banhos?
Quando é que deixamos de nos importar? Quando é que ficámos tão insensíveis e desinteressados e só nos preocuparmos se é seguro e se é uma chatice ter hora de recolher nocturna? Que pessoas são estas que nem sequer concebem perder o dinheiro que já tinham pago porque não fazem puta ideia do que se está a passar no Egipto?
Num cenário diferente mas igualmente questionável como se vai passar ferias para o Dubai? Ok, é tudo muito catita, luxuoso, um mimo de artificialidade e agradabilidade, de extravagancia mas em que nada é o que parece. Um sítio em que debaixo de uma aparente civilidade, as mulheres podem ser violadas e mesmo assim punidas violentamente como adulteras. E, portanto, nós ocidentais, atiramos estes pequenos pormenores de somenos importância para debaixo do tapete imaginário que abafa a nossa falta de nossa consciência em prol de umas ferias giras para fazer inveja aos amigos e colegas de trabalho.
Já nem falo da Índia, esse delírio do Nirvana do turismo, independentemente de todas as dualidades culturais que se colocam que não são sequer choques, são realidades diametralmente contrarias ao sistema de valores que supostamente nos rege.
Uma coisa são diferenças culturais, ou os carteiristas em Praga, o desconforto que os franceses nos fazem sentir (vá, neguem!), ou o descontexto da barreira linguística no Japão, ou a agressividade/animosidade dos policias nos EUA quando mandam parar um carro. Outra coisa é não ter uma ideia formada, uma opinião sustentável sobre o mundo em que se vive e seguir a carneirada.
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