Eram os cabelos que desciam pelo tronco em forma de S,
contorcendo-se em sintonia com o corpo dela que pairava sobre o seu, até
acordá-lo do seu torpor fascinado, com as pontas do cabelo a chicoteá-lo apenas com um
manear de cabeça solto e determinado.
Era o modo como ela derrapava sobre ele, subtilmente mas
com certeza, lhe segurava os pulsos enquanto lhe apertava as pernas pela
cintura, e aninhava devagar, aos poucos, os dedos nos dedos dele, repousando
mão contra mão à medida que lhe dava acesso a ela.
E ele ganhava-a; por momentos o controlo mudava de dono
quando ela vagueava livre, totalmente entregue ao vazio do prazer. Nada mais
interessava. O beijo poderoso dele trazia-a à realidade, o domínio dele nela
mergulhava-a noutro remoinho e ela rodopiava nos lençóis com determinação, força e
gemidos.
Mas o tom, esse era pautado por ela. Pela resposta despudorada,
o calor que se lhe soltava do corpo a pulsar, o gostar sem vergonha do cheiro,
do barulho, do suor. Acelerava-o. Deixava-o sem resistência. Queria alimentar
aquela força indomável que parecia não cessar de saciar-se. O toque. Os
olhares. As ancas sabedoras. O desfecho inconsciente num recanto só dela até
se aninhar em busca de amparo.
E era isso que lhe fazia nascer a vontade: esse
momento de vulnerabilidade, rápido em que os encantos dela se desfaziam perante
o que tanto escondia.
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