Ontem fui a mais uma festa dos Anos 80 (Teatro da Comuna, bar aberto, algo relacionado com a Time Out, e pouco mais sei da coisa). Na sextiraa fe tinha estado no W. a dançar ao som dos hits dos 70's, 80's e 90's (foi mt divertido... Nuno, Mário, Sofia e Alexandra, vocês estavam em grande!)
Nos ultimos tempos têm sido várias as festas a que fui com base na musica "mitica" que acompanhou a minha infância / adolescência / inicio da idade adulta. E gosto. Mas começo a pensar porque há toda uma franja da população cada vez mais envolvida neste movimento revivalista.
A musica é gira, lembra-nos todo um processo de crescimento doloroso, por vezes, mas mt bom, a maioria das vezes [o balanço deve ser este :) ] e traz memórias de quando éramos mais magros (!), mais despreocupados, mais inocentes e tb mais sonhadores.
A nostalgia talvez venha daí. Estará toda uma geração desadaptada e perdida nesta entrada do milénio? Estaremos tão á deriva que achemos giro dançar ao som do "Eu sou aquele que te quer e mais ninguém..." dos Excesso?
Vi pessoas (a quem dou os parabéns pelo esforço) totalmente envolvidos no dress code (havia imitações da madonna, all stars, perneiras, barbies ao pescoço!, wayfarers), mas creio que estamos (os mid-30's e os early 40's) numa fuga para a frente mas em rewind.
Ou seja, confrontados com a instabilidade laboral, as hipotecas da casa, os preços dos colégios dos putos, os falhanços amorosos e a inconstância emocional, os discursos ocos de uma classe politica (grosso modo incompetente e irresponsável), as merdas de chefes que nasceram e vivem para nos humilhar diariamente, as viagens em massa para destinos tipificados, o mau futebol do Benfica, o carjacking, a crise e a deflação, os 1ºs cabelos brancos, o peso a mais que custa cada vez mais a perder ...encontramos conforto, nem que seja momentâneo (enquanto dura a festa ou se ouve a M80), nas lembranças do que fomos quando tinhamos maus cortes de cabelo, nos vestiamos assustadoramente e nao havia telemóveis. Procuramos conforto numa época de namoros que nos despertavam borboletas na barriga, os 1ºs beijos escondidos e a duvida do que se fazia depois, das primeiras saidas com amigos à disco, o ver nascer do sol com sabor do ultimo cigarro e do ultimo vodka, os 3 meses de ferias de verão com a pele dourada pelo sol e sem stress com os 1500 protectores solares que ninguem nos obrigava a pôr.
Não nos revemos no hoje: na batida dos Buraka Som Sistema, no jogo das palavras dos rappers / hiphop que mais parecem criminosos com as calças a cair, uma geração pós morangos com açucar sem talento, mas que se pavoneia por todo lado, na má educação, falta de fronteiras e linguagem incompreensivel dos miudos, no continuado aparecimento de bandas que acabam em 5 segundos ou vão todos para rehab depois do 1º exito.
Será um problema de incompreensão nossa? Uma geração que se refugia no passado não estará a desligar-se do futuro? A verdade é que eu propria me sinto muitas vezes desenquadrada neste contexto presente. Mas há limites. Dançar ás 3h da manhã "No want no short dick man" é mesmo mtº pouco edificante. Sobretudo quando 15 anos depois a realidade do Californication, Nip Tuck ou Swingtown * acabou com o esconderijo bafiento dos preconceitos do sexo e elevou o sexo à banalização suprema e vulgar.
* também não me adaptei a estas séries.... já sei, sou careta!!!!
Comentários
PS - Só não concordo com a parte do Nip Tuck!Sorry...A versão cinematográfica sai em breve!
um beijinho grande. Continua a escrever.
Tatu
Primeiro, porque a música dos anos 80 é realmente melhor que a actual, e depois porque acho que recordar também é viver (para mim, o segredo está no "também").
Dito isto, continua com os post, que são sempre uma agradável surpresa!