Sob as estrelas, ele deitava-se de olhar fixo, preso no céu de um azul aveludado, profundo como o mar onde costumavam mergulhar, pela noite dentro, nus, a rir, à socapa.
Ali, sozinho, perdia-se no efeito reluzente das estrelas. Pareciam unir-se, tornarem-se num só enrendilhado que era como uma mapa. Eram, no fundo, as suas lágrimas que não deixavam ver com clareza a luz que iluminava o seu tecto.
A dor colava-se à pele, percorria-o com a brutalidade de uma onda gigante que rebenta nas nossas costas e nos puxa para a confusão de areia e de água. Mesmo assim, ao semicerrar os olhos, estava sempre à espera que ela aparecesse, lhe afagasse o rosto com aquele olhar meigo mas trocista de quem convida mas de quem fecha a porta. Com aquele sorriso que continha sabor a chocolate e avelã, no qual ele se perdia.
Falava de modo seguro e pausado, quase sempre sussurrando ao seu ouvido qualquer comentário, do fútil ao mais profundo, como se fosse uma musica dos Pearl Jam: arrepiando-lhe a pele.
E as lágrimas caiam, agora, livres, ganhavam espaço na sua face e o céu estava mais negro. Ela não aparecia. Ela não viria. Não mais. A morte, chorada em colectivo, é no entanto uma dor solitária, um corte que nos contrai com tanta força que parece que o coração pára de bater de tal que é a pressão e o corpo perde o rumo, passa a mover-se mecanicamente, sem dono nem certezas.
E no céu, as estrelas separaram-se, abriram um vazio escuro e ele viu-a. Imaginou-a, no seu ultimo suspiro, a ver a vida que levava como bailarina em pontas, leve e atirada ao ar; sentir a mão dele a puxá-la para si, para quem a tinha presa ao ser; e ela a levitar no seu esplendor apesar da parafernália hospitalar.
Não a segurou. Não a conseguiu reter. Ela partira. Jovem, ainda com a frescura de um corpo que ele descobrira sem pudor, amado e beijado em todos os recantos daquela pele morena.
Deitado sob um céu de estrelas, chorou sem controlo. Passavam 20 anos e nunca a esquecera. Há 20 anos que a sua vida se esgotara no último sopro dela.
Ali, sozinho, perdia-se no efeito reluzente das estrelas. Pareciam unir-se, tornarem-se num só enrendilhado que era como uma mapa. Eram, no fundo, as suas lágrimas que não deixavam ver com clareza a luz que iluminava o seu tecto.
A dor colava-se à pele, percorria-o com a brutalidade de uma onda gigante que rebenta nas nossas costas e nos puxa para a confusão de areia e de água. Mesmo assim, ao semicerrar os olhos, estava sempre à espera que ela aparecesse, lhe afagasse o rosto com aquele olhar meigo mas trocista de quem convida mas de quem fecha a porta. Com aquele sorriso que continha sabor a chocolate e avelã, no qual ele se perdia.
Falava de modo seguro e pausado, quase sempre sussurrando ao seu ouvido qualquer comentário, do fútil ao mais profundo, como se fosse uma musica dos Pearl Jam: arrepiando-lhe a pele.
E as lágrimas caiam, agora, livres, ganhavam espaço na sua face e o céu estava mais negro. Ela não aparecia. Ela não viria. Não mais. A morte, chorada em colectivo, é no entanto uma dor solitária, um corte que nos contrai com tanta força que parece que o coração pára de bater de tal que é a pressão e o corpo perde o rumo, passa a mover-se mecanicamente, sem dono nem certezas.
E no céu, as estrelas separaram-se, abriram um vazio escuro e ele viu-a. Imaginou-a, no seu ultimo suspiro, a ver a vida que levava como bailarina em pontas, leve e atirada ao ar; sentir a mão dele a puxá-la para si, para quem a tinha presa ao ser; e ela a levitar no seu esplendor apesar da parafernália hospitalar.
Não a segurou. Não a conseguiu reter. Ela partira. Jovem, ainda com a frescura de um corpo que ele descobrira sem pudor, amado e beijado em todos os recantos daquela pele morena.
Deitado sob um céu de estrelas, chorou sem controlo. Passavam 20 anos e nunca a esquecera. Há 20 anos que a sua vida se esgotara no último sopro dela.
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