O pior são os domingos. Sinto falta de acordar com o cheiro da alfazema que estava sempre no tocador e que se misturava com o teu perfume, recém saído do banho, sem colidir.
Fizesse chuva ou sol, jornal e revistas, numa esplanada de hotel, ou numa casa de chá, de mãos dadas, os pequenos almoços de Domingo eram um momento do comunhão, momentos a dois sem pressas. O aroma de café confundia-se com a intensidade da minha felicidade naqueles momentos. Relaxava e via o mundo passar em ritmo de câmara lenta, esticava as pernas, baixava os óculos de sol e sentia-me viva. Mesmo se as pernas tremessem quando o visse aparecer ou sentisse "borboletas" no estômago, sentia-me tranquila.
Já não tomo pequeno almoço aos domingos desde que partiste. Durmo até tarde, não tenho nem companhia nem vontade de procurar sítios com alma para passar a manhã e espero com ansiedade que o dia dê lugar a segunda feira. O meu universo tornou-se rotineiro, sem poesia.
Sinto-te a falta. O café ganhou novo sabor. E só os óculos de sol tapam as minhas dores.
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