Há pessoas que sonham toda uma vida com o dia em que vão dizer o "sim" rodeadas de tule branco, sininhos e o pacote de princesa completo. Há pessoas que não conseguem viver sem ser amando intensamente, sempre. Há quem não conceba estar sozinho(a) e prefira adiar o fim de uma relação que angustia a ter que deparar-se com a solidão. E quando, por fim, por coragem ou porque outrem assim o decidiu, se encontra livre, pensa que o mundo vai acabar (sem premonições maias) antes que venha outra paixão inflamar os sentidos e só sossega quando rapidamente encontra um novo porto de abrigo, mesmo que a celeridade seja inimiga do discernimento. Há pessoas que buscam apenas a estabilidade de um lar a dois, depois a três, quatro ou quem sabe, a cinco, consoante a prole que venha, e que o orçamento doméstico permita. Há pessoas que fazem do seu desígnio construir um património familiar vasto, um núcleo grande que se prolongue por gerações. Há pessoas que desde cedo ganham consciência que não são dadas a amarras e a rotinas e não conseguem lidar com os traços que uma relação duradoura transmitem. Há pessoas que não encaixam nos contornos da monogamia. Há pessoas que não estão disponíveis para dar-se e transformar-se em função de um ser gerado por si, parte de si e a si para sempre irremediavelmente ligado.
E há quem queira apenas sentir "Uau!". Surpreendido. Esmagado. Por uma fracção de segundos, ou em cada sopro.
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