... já lá dizia o Mister e às vezes ele tem mesmo razão.
Por todo lado há imagens explicitas de sexo. Canta-se sexo, não já num ideal romântico, mas à bruta, ou kinky, ou na rambóia total. Vê-se sexo no mais insuspeito dos filmes ou na mais trivial série histórica. Fala-se de sexo como se se falasse do que almoçámos.
Fala-se de sexo no metro sem pudores, miúdos ainda com a moleirinha aberta. Fala-se de sexo com as amigas na esplanada sobre o Tejo, como se fossemos todas a Carrie Bradshaw. Fala-se de sexo em registo de piada com os amigos, para aliviar tensão sexual mal resolvida ou para se tirarem duvidas sobre o que se passa entre quatro paredes, com outros e outras. Fala-se de sexo na praia, com palavrões e fios dentais que passam por bikinis mas que só saem puxados por uma pinça. Fala-se de sexo na TV em prime time nas novelas que o povo adora, nos programas do coração para entretenimento dos reformados e domésticas, nos talkshows pedagógicos e no lixo nuclear chamado reality shows (aí fala-se, promete-se e faz-se).
Fala-se com conhecimento de causa, com segurança e discernimento. Mas também se fala levianamente, sem perceber ponta do tema, ao estilo badalhoco e carroceiro.
Mas esta é a nossa realidade. Aos 16 anos a rodagem é já mais que muita. O sexo a três passou a ser banal, o swing é giro, ir às putas é coisa glorificada e as festas tipo Eyes Wide Shut são o cumulo do chique, com as máscaras, a coca e o nome de código.
TV, cinema, musica, publicidade puxam pelo sexo. Nada se vende sem a pitada marota.
Ora tudo muito bem, tudo catita, cada um sabe o que faz dos seus orifícios, mas como raio depois se censuram (palavra forte, não?) estes 2 anúncios:
Anuncio Calvin Klein Jeans protagonizado pela modelo holandesa Lara Stone |
Julianne Moore & Bulgari |
O da CK Jeans foi proibido na Austrália, porque a autoridade de fiscalização de publicidade australiana considerou que o anúncio é “humilhante para as mulheres ao sugerir que elas são um brinquedo daqueles homens” e também para os homens “ao insinuar violência sexual contra as mulheres” e, ainda, é condenada a imagem por sugeri "violência e violação sexual”.
As boas intenções dos Mate são válidas mas sejamos sinceros: não é nos outdoors que está o trigger para a violência doméstica ou sexual, quem tem o "bicho" não o apanha numa fotografia. Por outro lado, parece-me que a modelo está a receber prazer e não a levar um enxerto. Não será que foi isso que assustou as autoridades australianas: que uma mulher se satisfaça sem vergonha com 3 moços apessoados?
A história da bela Julianne Moore ainda é mais caricata. Os outdoors foram expostos em Cannes, por alturas do Festival, festival altamente patrocinado pelas marcas de luxo. E foram removidos pelo excesso de exposição de derme e pelas imagens sugestivas. Em FRANÇA!!!! O pais em que os ministros passam a vida a pôr palavras sexuais em conversas institucionais, a terra histórica da devassa da Europa Ocidental.
Anda tudo ou muito sensível ou tapados. São fotografias fabulosas. Singelas gotas de água inocentes face ao pantanal diário que nos bombardeia.
Gente doida.
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