Avançar para o conteúdo principal

o fim de um mito urbano

Nunca tinha ido às Maria's, uma loja de roupa na Rua Augusta, várias vezes mencionada por vestir pseudo VIPS desta modesta praça do miserabilista socialite croquetiano,

A opinião não era má. Havia sempre algum modelito engraçado. Conhecia pessoas que iam lá comprar fatiotas para bodas e falavam d' As Maria's como se fosse algo trendy-chic, um segredo bem guardado com peças giras e fora de vulgar.

Hoje fui lá com uma amiga, que comprou um vestido verdadeiramente catita (e que lhe fica de estalo, chique a valer!), e ... decepção. Parece a Feira. É uma loja de bairro muito cheia, com vestidos amontoados, sapatos pavorosos e acessórios de fugir.

De facto, foi um processo de "é isto?". Bolas, que coisinha mais possidónia. O grande atractivo é encontrar-se, pelo meio da tralha, vestidos engraçados e a preços muito acessíveis. Isto é uma mega mais-valia, sem duvida. Mas dai a quererem nos fazer crer que as Maria's são a Caverna do Ali Babá da sofisticação vai um diferencial elevado ao expoente máximo. 

A grande maioria das peças abundam nos folhecos e nos trabalhados e nos tecidos brilhantes daqueles azuis muito Princesa Madalena da Suécia ou uns fuchsias de fugir. E os modelos são quase sempre o mesmo com variantes, umas resultam, outras nem por isso.

O target parece ser mesmo o hiper profile ostensivo das Cinhas ou o estilo filha-de-construtor daquela rapariga que funciona como 2º capacete do Pedro Reis (a.k.a, aquele gajo que vai alimentar-se a TUDO o que é festa e não faz nada na vida, o que em si é um mérito... Parasita, mas ao seu estilo, um tuga bem sucedido!), ambas que recorrentemente aparecem orgulhosamente com os seus Maria's (pudera, são low cost!).

Não quero ser mazinha, as pessoas até eram simpáticas (apesar de melgas no cross selling), inclusive a senhora com o cachecol de Portugal agarrado à cintura (aí está o nível de sofisticação da coisa), mas andei a ser enganada. 

Só não percebo porque raio quem lá vai não se remete a dizer que é um sitio com oferta diversificada e a preços acessíveis. Ponto. Fazer publicidade enganosa, é para se auto-convencerem, não é amiguinhas?

Passado o choque, quando precisar de um vestido de boda (em universos paralelos, porque agora só divórcios... casórios está escasso com a graça da santa!), irei às Maria's. Sem fingir que estou a ir à Fashion Clinic.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Os lambe-cus (MEC)

Os Lambe Cus, by Miguel Esteves Cardoso   "Noto com desagrado que se tem desenvolvido muito em Portugal uma modalidade desportiva que julgara ter caído em desuso depois da revolução de Abril. Situa-se na área da ginástica corporal e envolve complexos exercícios contorcionistas em que cada jogador procura, por todos os meios ao seu alcance, correr e prostrar-se de forma a lamber o cu de um jogador mais poderoso do que ele. Este cu pode ser o cu de um superior hierárquico, de um ministro, de um agente da polícia ou de um artista. O objectivo do jogo é identificá- los, lambê-los e recolher os respectivos prémios. Os prémios podem ser em dinheiro, em promoção profissional ou em permuta. À medida que vai lambendo os cus, vai ascendendo ou descendendo na hierarquia. Antes do 25 de Abril esta modalidade era mais rudimentar. Era praticada por amadores, muitos em idade escolar, e conhecida prosaicamente como «engraxanço». Os chefes de repartição engraxavam os chefes de serviço, os alun

Devo ser a unica mulher

Que gosta do Mr. Big. Pois que gosto.  Enquanto a Carrie era uma tonta sempre à procura de validação e de "sinais", a complicar, a remoer, ser gaja portanto, o Mr. BIG imperfeito as may be era divertido, charmoso, sedutor, seguro (o possível dentro do género dos homens, claro), pragmático.  E sempre adorou aquela tresloucada acompanhada de outras gajas ainda mais gajas e mais loucas.  Fugiu no dia do casamento? Pois foi. Mas casaram, não casaram? Deu-lhe o closet e um diamante negro.  Eu gosto mesmo muito do Mr. BIG. Alguma vez o panhonhas classe media do Steve? Ou o careca judeu que andava nu em casa? Por Sta. Prada, naooooooooo! 

Do acosso

Este calor que se abateu com uma força agressiva consome qualquer resistência.  O suor clandestino esbate vergonha e combate qual sabre as dúvidas.  A noite feita à medida de libertinos cancela as vozes interiores que alertam para mais uma queda dolorosa. A brisa quente atordoa, embriaga no contacto com a pele. O tempo pára, as palavras suspendem entre olhares que sustentam no ar tórrido toda a narrativa; qual pornografia sem mácula, mas plena de pecado. A lua cheia transborda e dá luz à ausência de sanidade que percorre no corpo. Tudo parece possível, uma corrente de liberdade atravessa-nos com o sabor do quente esmagado. E, mesmo assim, pulsa algo mais intenso. Mais derradeiro. Mais dominador. Mais perverso que o toque dos dedos. Mais agressivo que a temperatura irrespirável. O freio da impossibilidade.  A intuição luta com o medo e na arena o medo mesmo que picado tem sempre muita força. O medo acossa-nos.