Por esta altura do ano, andam milhares de estudantes no lufa-lufa dos exames finais, quer sejam universitários quer sejam liceais. Uns mais preocupados e dedicados; outros assim-assim, até porque o Mundial entretanto começou; outros assim a roçar o conceito de estudar por osmose.
Tenho uma vontade incrível de voltar a estudar. História seria a minha primeira opção, ou História de Arte ou Comunicação Empresarial. Mas para quem já fez licenciatura, iniciou um mestrado que não concluiu, fez uma pós-graduação, um executive MBA e tem o mestrado em gestão parado numa tese que está bloqueada até se ver, a chatice de voltar à aventura académica prende-se com o processo de avaliações. Já não há pachorra para provas de acesso, para começar, e exames durante o ano lectivo.
Tenho “fome” de aprender mas não tenho apetência para ficar fins de semana a rever matérias para que me avaliem o que aprendi. Nem é que tenha reminiscências saudosistas dos tempos da vida escolar. Gosto mesmo de coleccionar saber. Isso deve fazer de mim uma nerd mas é-me um bocado igual ao litro.
Não obstante, recordar os dias e noites a queimar pestanas, sobretudo, durante os 2 últimos anos de liceu e os 3 primeiros da faculdade (o cursinho eram de 4 anos, Bolonha na altura era só uma cidade europeia, ponto!), é o oposto de pensar como ao fim de 11 anos e meio a vida adulta as coisas afinal não correram assim tão bem. Há dias, em que correm tão mal, que preferia voltar a “empinar” Economia com muito gosto; ou estudar Demografia com dados dos anos 60 e sentir que afinal até o método de ensino não era uma grandessíssima treta.
Uma grande merda, mesmo, é o wake up call, que alguns de nós acabamos por sofrer. De repente, tem-se mais de 30 anos, há viagens que não se fizeram, livros que não se lêem por falta de tempo ou de espírito para tal, há amigos que não vemos ou, sejamos honestos, perdem interesse. De repente, os anúncios da Sumol fazem-nos chorar. Porra, fiz tudo ao contrario do que eles dizem. É a neura total.
Um divórcio, uma relação de longo prazo que falha e que nos assassina as fundações, a morte de alguém que nos é próximo, odiar ir trabalhar ou questionar o que se quer da vida, são pequenos nadas que nos abanam e nos atiram contra a parede. E ou se deixa escorregar e fica-se no chão engolidos pela falta de ideias; ou aguentamos o empurrão e com a mesma força afastamo-nos da rua sem sentido.
Por muito que olhe para trás e me arrepie pensar em voltar a ter testes de Ciências Sociais ou de Matemática, gostava de poder ter o bólide do Michael J. Fox no mítico “Regresso ao Futuro” ter a oportunidade de voltar atrás e repetir algo, qualquer coisa que tenha feito e em que tenha falhado. Estou segura que algures, virei erradamente no cruzamento, ludibriada por uma auto-estrada em condições e, de repente, entrei em terra batida, daí passei para o “caminho de cabras” e já estou na travessia no deserto.
Mesmo com a bússula e o mapa estou parada, numa situação extrema, de calor, e não sei para onde ir. Nem consigo determinar coordenadas, porque não sei que quero fazer em seguida. Sei que não quero estar ali, que não suporto estar naquele sitio, que estou a sofrer consequências físicas por estar exposta aos elementos, que estou emocionalmente fragilizada pela solidão mas não reajo. E a água começa a escassear.
Isto pode uma conclusão resultado do som da vuvuzela que abunda no Inglaterra-EUA, mas a verdade é que os putos não sabem a sorte que têm: de arriscar e dar-se mal e terem tempo de recompor-se sem precisarem de estar em situações limite em que nem o canivete dos MacGyver nos safa.
A PdI é lixada pra’ caraças.
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