O meu estado de espírito tem reflexo no cabelo. É uma força de expressão como diriam os Clã.
Daí o desgraçado ter já tanto sofrido. Apesar de nos últimos anos sofrer à grande nas mãos do meu Eddi (alma do Iunique), mago da arte capilar. O senhor meu cabelo passou a ser um animal alimentado a gourmet.
Mais recentemente, a melena, qual entidade com carácter muito próprio, tem entrado em declínio tentando alertar-me para a minha pálida existência.
Perdeu o vigor, está sempre com uns modos tristes, sem brilho nem orgulho. A cabeleira, em novo tom, parecia ter recuperado a boa disposição motivada pela mudança radical qb.
Rapidamente, e como a dona, os fios de cabelo perderam fulgor, vontade de se afirmarem. Estão pesados, pouco flexíveis e até aborrecidos. A franja anda toda mamadinha, acentua-me a cara redonda, disforme. Parece que o cabelo até tem vergonha de sair à rua e adora ser tapado pelos chapéus fantásticos com os quais eu o cubro. Esconde, tapa, dissimula, tornei-me perita.
Longe vãos tempos dos cambiantes de louro, em cascata pelas costas, farto e arrogante com as suas extensões ou a lisura impenetrável.
A ver se dia 22 a coisa muda. Se o meu cabelo corta relações comigo, bati mesmo no poço.
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