Trabalhei num sitio em que as técnicas de vendas eram levadas ao extremo, como se fossem uma bíblia. Eras aquilo, ou não eras.
Não me compete julgar, cada empresa tece as linhas com que se cose.
Uma das coisas que se aprendia era que ao tentar marcar uma reunião com um cliente, ou potencial cliente, a maior taxa de sucesso assentava em detalhes como, ao mandar um email de apresentação, sugerir de imediato data e hora de reunião. Mais dificilmente, diziam as teorias, a outra pessoa recusaria, quanto muito proporia outra solução.
Agora que estou do outro lado, tenho um trauma qualquer que me custa rejeitar pedidos de reunião de potenciais fornecedores, excepto quando o tema não tem mesmo nada a ver. Porque sei quanto custa ter que lidar com a pressão, a roçar o assédio, que é imposta na área comercial, especialmente nestes momentos miseráveis. Porém, o tempo é um recurso e como todos os demais, escasso e tenho que o equilibrar.
Mesmo assim, tira-me do sério, fico toda arrepiada, quando recebo de um email de alguém que não conheço, que nunca vi, cujo trabalho não posso ajuizar, que pretende apresentar os seus serviços mas que me encosta à parede com um "podemos já agendar uma reunião no dia X às tantas horas". Oi? Perdão?
Eu não sei quem são os gurus do hard selling, e se as suas teorias têm sustentação, mas eu pessoalmente acho deselegante e indelicado. Sugerir uma reunião numa "janela" ampla ("estarei disponível para reunir nas próximas semanas menos nos dias y a z"), ok, aceitável, assertivo qb mas sem esquecer um detalhe: ao enviar aquele email, o remetente está a entrar no "espaço" do destinatário e há que fazê-lo com tacto e discernimento.
Se calhar sou eu, mas não gosto que num restaurante um empregado me force a uma mesa que não quero ou a um prato que não me me apetece, ou que numa loja me insistam em trazer ténis quando eu deixei claro que não uso (apenas porque são confortáveis e estão na moda), ou no cabeleireiro me marquem sessão para quando há vaga mesmo eu já tendo dito que só posso aos sábados de manha.
O mesmo principio se aplica.
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Bjs