A semana passada tive uma amena e saudável discussão com outra blogger (um espectáculo de pessoa, por sinal) sobre blogs e publicidade, tudo por causa de uma quantas bloggers que não se assumindo como "fazedoras" de publicidade, curiosamente, de repente, em dado momento, todas consomem os mesmos produtos aos quais reconhecem, por coincidência, as mesmas qualidades. Geralmente, aquelas que aparecem nos press release ou nos cds que acompanham as oferendas.
Sempre disse que não fazia publicidade. Tudo o que comento são produtos que uso (comprando), que experimentei ou que gostava de usar. Felizmente, hoje em dia tenho acesso a um paraíso de produtos que tomara a muita fahionista wannabe e nem mesmo assim carrego o blog com todo o manancial que tenho à disposição.
Também ninguém me pede. Se eu escrever qualquer coisa, sobre algo que eu gosto mesmo muito, agradecem-me mas não faço parte do Big Bloggers Book.
Choca-me? Não. Quem sou eu para tal? Quem sou eu? Pessoalmente, acho que tenho gosto e noção de estilo acima da média. Tenho plena consciência que limitações físicas (e financeiras) não me permitem sair de casa como gostaria. Mas as minhas opiniões são o meu padrão de referência. PONTO.
Quer seja por terem budgets reduzidos, quer seja por estratégia definida como tal, as marcas apostam em bloggers que em, 85%-90%, dos casos, não são ninguém. Até podemos questionar a qualidade e o rigor das editoras de moda dos media cá do burgo, mas que elas sejam presenteadas com as novidades, levadas a sessões de divulgação XPTO, entende-se. É expectável que a sua sensibilidade pessoal e olho treinado, sejam sustentados pela experiência profissional e pelo background académico.
Agora não entendo que as marcas tenham esta atitude de prostrarem perante as Soraia, Margarida, Sónia, Raquel, Ana, Sofia, de Oeiras a Esposende, da Bica a Odivelas, do Estoril a Aveiro, de Lisboa a Gaia, que estudam, são professoras, vendedoras da Re/max, fisioterapeutas, organizadoras de eventos, que podem achar que Halston Heritage é uma marca criada para a Sarah Jessica Parker e que a Primark tem qualidade. Quem são estas pessoas (bloggers) que as marcas consideram dignas de pôr num pedestal, levar a festas, cobrir de presentes, para que divulguem os seus produtos? Tal como eu, não são ninguém.
Mas até vendiam fotos com os pés no estribos, caso uma clínica de ginecologistas pagasse!
A minha interlocutora defendia acerrimamente aqueles 10% de bloggers que profissionalizaram a coisa, pela transparência e pela honestidade.
Ok., mas também a este nível as coisas não são assim tão trigo limpo. O profissionalismo não se mede por argumentar "digam mal à vontade e insultem-me porque isso gera-me mais tráfego no blog, logo mais dinheiro". É um desabafo legitimo mas arrivista. O profissionalismo, a seriedade e a integridade das pessoas não pode ser proclamado como salvo conduto, quando imaginemos:
- o/a blogger X exibe um post a dizer que foi convidado/a pela marca de esquentadores XWZ para a apresentação da sua nova colecção (marca que sempre acusou "de xipatrão demasiado cara para comprar lá um esquentador!
- esquece-se de mencionar que o convite não veio da marca de esquentadores XWZ (a tal que antes era sempre muito cara) mas de uma revista que conseguiu levar um convidado e optou por este blogger, sem que a marca tivesse aberto a apresentação a bloggers portugueses.
- escreve que o novo esquentador amarelo é "amoroso", o azul "fofinho" e o "azul" é lindo de morrer, ie, um post cheio de clichés que não traz nada de interessante sobre a colecção mas que nos dá a conhecer que o local é do mais chique.
- o post imediatamente a seguir é sobre os tempos mortos a deambular antes do regresso e como não conseguiu resistir em comprar um esquentador baratinho numa retalhista massificado. Aqui, só impera o mau tom e a falta de chá.
O sucesso pode-se medir em números mas não se mede na falta de vergonha na carinha, por mais laroca que se tenha. Isto aplica-se a tudo.
Grande parte do bloggers, amadores ou semi-profissionais, que tentam fazer do seu espaço na blogosfera um gerador de actividade comercial, são como os concorrentes dos reality-shows: até querem lucro, mas sobretudo querem protagonismo, aparecer, ser alguém. E usam as mesmas armas.
E se é verdade que cada um lê o que quer, também deverá ser uma verdade inegável da moda: ninguém pode ter pretensão ou ser considerado um fashionista quando assume que é a favor das contrafacções*. True story.
* já para não falar das questões éticas que este tipo de afirmações levanta
Comentários
Acho que há formas e formas de fazer render o blogue, e muitas vezes estas wannabe´s só conseguem atingir um target muito muito baixo e sem dois dedos de testa!
Beijinho!
Beijo grande!