Não suporto o Carnaval. Nem os corsos miseráveis com voluptuosos domésticas e moranguitas de aldeia semi-nuas a dar cabo dos rins, sob um frio de rachar, nem das festas noite dentro com indumentarias a fingir que apenas são mais uma desculpa para a bebedeira. Odeio! É de uma pobreza atroz, não tem raio de ponta por onde se pegue.
Feito este disclaimer, convém salientar que nunca fui trabalhar feita tontinha para um escritório vazio no dia de Carnaval, da mesma forma que sendo ateia sempre usufrui dos feriados católicos que o calendário oferece (oferecia).
Porém, a minha opinião nesta matéria é de que dia 21 devia ser dia de trabalho. Nem o país está para palhaçadas, nem os "palhaços" deviam pensar em festas, aliás deviam estar preocupados em dar o litro. Como cidadã é com profunda tristeza que percebo que a maioria das pessoas estão contra a decisão, correcta, do Governo. Pior, a função publica que tanto se queixa dos atentados aos seus "direitos" devia ser a primeira em dar o exemplo e motivar o sector privado a funcionar normalmente (na anormalidade possível neste pais) no dia 21. Não, vergonhosamente, opta-se pela desobediência civil.
É muito triste que assim seja. E não há grande esperança em Portugal. Eu não tenho. Se as pessoas, perante uma crise, com impactos sociais tão duros, fincam-pé a um dia para poderem ir para a pandega um fim de semana prolongado, está tudo dito. E venham os F.P. falar de solidariedade para com a sua situação, que hão-de ter uma base de apoio cada vez menor. Compreensivelmente. São cada vez mais parte do problema e cada vez menos (ou nada) parte da solução.
Não obstante, e como em todas as demais trapalhadas que este governo se mete, dando provas de um nível de aselhice confrangedor, o timming para comunicar uma decisão acertada (ena pá, a-cer-ta-da!) foi de mal a pior. O momento escolhido para anunciar foi assim que a modo das 3 pancadas e muito mal explicado, dando azo a mal entendidos sobre se era dia 20 ou 21 que estava em causa.
Mais grave, tendo em atenção que por esse país fora, câmaras, juntas, sociedades recreativas, investem com relativa antecedencia nos festejos de Carnaval, o mínimo que se pedia, em termos racionais e de bom senso, era que Ken, o Sô Relvas e restante entourage tivessem avisado as partes interessadas, logo em Setembro, que convinha limitarem os eventos lúdicos ao fim de semana porque na terça-feira ... trabalhava-se. Não é a 3 semanas de distância que se tem a ideia peregrina de comunicar o que devia ser o óbvio, mas que claramente não era equacionável como hipótese.
Basicamente, Portugal está entregue aos "cabeçudos".
Nota: a autora deste texto não trabalhará dia 21, oficialmente, pelo menos.
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