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este país á beira mar plantado - parte II

Cena 2, take 320 - Instinto Fatal

Bem mais sério....
Uma jovem adulta bem arranjada e toda gira vai ao Arquivo de identificação de Lisboa pedir um passaporte de urgência. À entrada, pergunta sucintamente ao Policia que guarda o edifício onde se deve dirigir para as urgências. É-lhe indicado, dirige-se ao guichet, trata do tema, volta a sair e ao passar pelo agente da autoridade diz um "Obrigada e boa tarde".

Desse dia em diante, a minha amiga (a sério, não é subterfúgio, é mesmo a minha melhor amiga), começou a receber mensagens no telemóvel do "policia com quem falaste no arquivo de identificação", a dizer quem era, que ela era "muito gira", que têm que se encontrar and so on.
Nunca foi necessariamente ordinário mas não parou de assediar, mesmo quando a policia já o tinha identificado depois da queixa que a minha amiga apresentou. Aparentemente, o sistema corporativo levou a que NINGUÉM falasse com o cavalheiro.

1ª grande questão: como conseguiu ele o numero de telemóvel de uma pessoa que se cruzou com ele à porta de um edifício publico? Ou viu o carro, tirou a matricula e pediu o contacto, abusivamente, num serviço central (não aconteceu) ou, o MAIS GRAVE, no próprio arquivo de identificação, provavelmente no atendimento dos pedidos de urgência, ultimo local onde a minha amiga esteve, conseguiu o contacto dela por debaixo da mesa.

2ª grande questão... Lei da Protecção de Dados, alguém ouviu falar? Violada em pleno arquivo de identificação? É filme europeu, certo? Pois, aconteceu.

Queixa feita na policia (com aquelas cenas surreais***), vai para audição no Ministério Publico dada a tal lei de protecção de dados que aparentemente existe.
Horas de espera para ser ouvida (ela porque do agente da autoridade nem vê-lo, aliás semanas depois continuava a enviar-lhe convites, vejam só o descaramento, despudor e a autoridade que a Policia tem sobre os seus elementos) e é questionada como se fosse ela a culpada, como se fosse fruto da imaginação, como se não tivesse acontecido. "Já se conheciam antes, diga lá?", "Trocaram números de telefone ali à porta", "Conversaram demoradamente e houve quimica". Não. Não. Não.
Tipo: foste violada por um estranho que te assalta a casa enquanto estás de pijama e "Abriu-lhe a porta, já o conhecia, estava de negligé transparente e fio dental, e pediu sexo à bruta, conte lá sua marota...?".


Meses depois, tudo na mesma. Saiu na imprensa. Volta a ser chamada para mais audições no MP. E continua a arrastar-se a situação. Ela perde horas de trabalho para resolver. O gajo continua com a sua farda que lhe confere níveis mais elevados de ego e testosterona a trabalhar na boa. O idiota que deu dados confidenciais no arquivo deve continuar a carimbar papei sem problema nem mancha na avaliação (que deve ser excelente porque fica mal às chefias ter funcionários com más avaliações!).


Sou a favor das câmaras de vigilância na rua. Sei que estão lá e que vão filmar. Não me sinto lesada nos meus direitos fundamentais e na protecção da minha pessoa como individuo. Ajudam a apanhar os bad guys. Agora, os nossos dados confidenciais serem tratados como se tivéssemos na taberna é um bocadinho de mais, não?

Até para Portugal.

*** um dia fui apresentar queixa de um telemóvel roubado à esquadra da João Crisóstomo e só quando acabou o wrestling feminino que estava a dar na SIC Radical, me atenderam... True story

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