Avançar para o conteúdo principal

Caderneta de Carteiras



Quem ou me conhece ou, ocasionalmente, lhe dá para ler-me pode já ter percebido que sou doida por carteiras. Doida é uma palavra algo redutora: doente encaixa-se mais no espirito da coisa.

O armário, aos meus olhos modesto, é uma profusão de cores e materiais, desde
a essencial Vuitton, à clássica Longchamp, à massificada Furla, à sóbria Church, aos (vários) devaneios Muu, às contestadas Carolina Herrera, às variadas Massimo Dutti e Miusho, às "nunca falham" Zara, às imbativeis H&M.


Neste caso, como no do copo, o armário está sempre meio vazio. Há sempre espaço para mais uma (mesmo quando as leis da física ditam o contrário) e falta sempre algum tom diferente de castanho.


Se as carteiras fossem cromos, daqueles que contagiaram gajos adultos em corrida desenfreada por craques do mundial 2010, eu diria que precisava de colocar na minha caderneta, pelo menos, os seguintes modelitos:


G Coin Medium Hobo White
Prada Leather Tote White e Prada Leather Tote Brown
D&G LillyBag
Red Extra Large Hermés Birkin



















Como o sonho comanda a vida, acredita-se que é possivel chegar lá.


Porém, 3 amigas que partilham idêntica paixão por carteiras, tiveram a ideia de concretizar em Portugal algo que já se faz por esse mundo fora: através da Internet, alugar carteiras novas de marcas de qualidade e a preços variados, assegurando entrega e recolha.

A Glamorous (http://www.glamorous.pt/) permite também que os membros do clube associado à marca possam vender carteiras que já não utilizam (e cujo bom estado é validado a priori pelas responsaveis). Miúdas, é do melhor.


Para festas, casamentos, baptizados há modelos de clutchs que permitem entrada em grande estilo e fazer a prima espumar de raiva, sem estar a comer Farinha 33 durante 2 meses. Mesmo sendo uma Bottega Veneta.


Para quem tem uns dias de reuniões de trabalho e quer impreessionar, ou vai a uma ronda de entrevistas de emprego e quer sentir-se confiante com uma carteira mais sofisticada, ou somente vai de fim de semana com a cunhada invejosa ou com mulherio piroso, e quer mostrar com quantos kilos de fashion se faz uma canoa, há alguma opção ideal.


Depois há o target das verdadeiramente apaixonadas por carteiras que, por uns tempinhos, têm o supremo prazer de andar de braço dado com o modelo que mais preenche o coração, sem ter que estar um ano sem férias.


As malas são mesmo novas (eu testei: abri, fechei, cheirei, acariciei e abracei uma Birkin côr camel, um pouco petit para o meu gosto). Quem gostava de ter uma carteira deste calibre pode tê-la sem recorrer à contrafacção (com impactos sociais graves para além das implicações legais e económicas).

A Glamorous ajuda também todas as afortunadas com excesso de stock
em casa, que já não usam, e que podem colocar, anonimamente, à venda online no Outlet do site.

Se de repente me virem aninhada a uma Hermés Picotin Lock Coffee TMG, já sabem:

a) não ganhei o Euromilhões (escusam de vir pedir guito);
b) nem vendi os rins e um pulmão;
c) não coloquei o namorado no "prego";
d) nem investi numa estratégia para irritar certas pessoas que se arrogam ao direito de criticar, de forma vil, a minha colecção de carteiras (não têm nada com que brincar, de certeza, então marram comigo como se fosse defeito de personalidade... gente -apenas- estúpida).

... Apenas fui ali ao site da Glamorous e perdi-me no meu desporto de eleição (não reproduzível em cromos). Mas como estas almas salvadoras advogam, "mais vale uma cateira na mão que duas na montra".






Comentários

Anónimo disse…
eheheh. Gostei do texto

Mensagens populares deste blogue

Os lambe-cus (MEC)

Os Lambe Cus, by Miguel Esteves Cardoso   "Noto com desagrado que se tem desenvolvido muito em Portugal uma modalidade desportiva que julgara ter caído em desuso depois da revolução de Abril. Situa-se na área da ginástica corporal e envolve complexos exercícios contorcionistas em que cada jogador procura, por todos os meios ao seu alcance, correr e prostrar-se de forma a lamber o cu de um jogador mais poderoso do que ele. Este cu pode ser o cu de um superior hierárquico, de um ministro, de um agente da polícia ou de um artista. O objectivo do jogo é identificá- los, lambê-los e recolher os respectivos prémios. Os prémios podem ser em dinheiro, em promoção profissional ou em permuta. À medida que vai lambendo os cus, vai ascendendo ou descendendo na hierarquia. Antes do 25 de Abril esta modalidade era mais rudimentar. Era praticada por amadores, muitos em idade escolar, e conhecida prosaicamente como «engraxanço». Os chefes de repartição engraxavam os chefes de serviço, os alun

Devo ser a unica mulher

Que gosta do Mr. Big. Pois que gosto.  Enquanto a Carrie era uma tonta sempre à procura de validação e de "sinais", a complicar, a remoer, ser gaja portanto, o Mr. BIG imperfeito as may be era divertido, charmoso, sedutor, seguro (o possível dentro do género dos homens, claro), pragmático.  E sempre adorou aquela tresloucada acompanhada de outras gajas ainda mais gajas e mais loucas.  Fugiu no dia do casamento? Pois foi. Mas casaram, não casaram? Deu-lhe o closet e um diamante negro.  Eu gosto mesmo muito do Mr. BIG. Alguma vez o panhonhas classe media do Steve? Ou o careca judeu que andava nu em casa? Por Sta. Prada, naooooooooo! 

Do acosso

Este calor que se abateu com uma força agressiva consome qualquer resistência.  O suor clandestino esbate vergonha e combate qual sabre as dúvidas.  A noite feita à medida de libertinos cancela as vozes interiores que alertam para mais uma queda dolorosa. A brisa quente atordoa, embriaga no contacto com a pele. O tempo pára, as palavras suspendem entre olhares que sustentam no ar tórrido toda a narrativa; qual pornografia sem mácula, mas plena de pecado. A lua cheia transborda e dá luz à ausência de sanidade que percorre no corpo. Tudo parece possível, uma corrente de liberdade atravessa-nos com o sabor do quente esmagado. E, mesmo assim, pulsa algo mais intenso. Mais derradeiro. Mais dominador. Mais perverso que o toque dos dedos. Mais agressivo que a temperatura irrespirável. O freio da impossibilidade.  A intuição luta com o medo e na arena o medo mesmo que picado tem sempre muita força. O medo acossa-nos.