Eu, Adélia Santos, de cabelo ruivo, que outrora foi de um castanho banal mas que o tempo e a necessidade de chamar a atenção, transformaram numa massa balouçante, andava sem dúvidas nem hesitações sob os saltos finos de 12 cm.
O peso do corpo, já gasto pela história que lhe dei, e amortecido pela sola compensada, rodopiava por entre as mesas, de sorriso aberto apesar do fumo de tabaco que me embaciava as lentes, do som alto da música a clamar por sexo, sem subtilezas, e do calor que existia na sala, ainda que apenas tivesse vestido lingerie rosa choque de um material manhoso que arranhava a pele.
Tenho pouco mais de 35 anos mas podia ter quase 100 de tão cansada que estou. Ou quase 25 para agradar a clientes com gravatas de má qualidade, mãos gordas e notas que saltam dos bolsos das calças, enquanto bebem mais um whisky armados em gente fina.
Doem-me as pernas e mesmo assim fui ao varão e fui de visita duas vezes ao quarto do andar de cima. Havia mercado: um grupo de homens que celebravam uma operação saco azul e se riam muito, e alto, de como compravam quem quisessem. Até políticos.
O Algarve de prédios feios e turistas de calções em Novembro era tão diferente do Barreiro, onde eu deixara um marido, que gostava mais de cartas e casinos do que de mim, e os meus pais que mal se lembravam da 7ª filha, perdida no meio de 9.
Deitada no meu quarto, numa daquelas construções que molestavam a vista, quis ter forças para limpar a maquilhagem exagerada mas ela já me pertencia, tornara-me dona daquele personagem que caía sobre os lençóis por dinheiro sem ilusões de ser uma pessoa melhor. O bâton encarnado rodava por entre os meus dedos como se fosse um isqueiro. Deixara de fumar há uns anos, porém o pulmão não resistia e estava por um fio. A doença devolveu-me a auto-estima e a vontade de encontrar o rumo do meu descanso.
Não voltaria a despir-me para uma audiência. Em breve o corpo não responderia e não tinha vontade de expôr as entranhas. Peguei na mala e nas cartas dirigidas ao Júlio, o dono do bar que me levou médico depois de me ter encontrado desmaiada no camarim. À Antónia, a senhoria compreensiva, que tinha sempre um copo de leite quando a despensa estava vazia. À minha irmã Margarida, a mais nova, que ajudei a a criar desde bebé e que se transformara numa estrela de novelas de TV e capa de revistas, sempre receosa que o público descobrisse que além de bonita tinha uma irmã de maus caminhos, e isso não lhe fosse perdoado.
Arranquei no carro topo de gama. Estava escuro como se todas as luzes da cidade se tivessem apagado à minha passagem. Chovia copiosamente enquanto me aproximava do meu ultimo palco . Mal conseguia distinguir o pára-brisas a funcionar, tamanha era a força esmagadora da água no vidro. Sempre tive medo da trovoada e de tal forma guiava sob medo, que achei estar a pagar castigo por ter roubado o carro.
Em breve, seria devolvido ao dono, encontrado abandonado ao pé da praia da Caparica, onde os meus avós me levavam nas férias.
Em breve, o meu cabelo ruivo, que já fora de um castanho banal, daria à costa, sem vida, mas cheio de sonhos.
N.A.: o texto partiu de 2 blocos escritos em separado, só depois se construía uma única história
Comentários
Vimos por este meio solicitar uma futura parceria nas áreas que estejam eventualmente disponiveis.
(divulgação, espaços para futuras exposições, outras...)
Em anexo
Press release
Flyer do concurso
O regulamento do concurso saiu hoje 2 de Abril, as parcerias nacionais e internacionais que estamos a efectuar com as associações fotográficas e outras, consiste na divulgação do concurso pelos seus associados e com o logótipo no site. Em parceria, a United Photo Press dará a essas mesmas associações a possibilidade dos associados participarem no concurso de 20 mil euros em prémios, com a mesma taxa de inscrição dos membros internacionais da United Photo Press.
A exposição internacional da United Photo Press "PSR" foi reconhecida pela comissária europeia da prevenção e segurança rodoviária Eva Prodilóva.
O Governo Civil de Viseu apresentou a exposição internacional "PSR" da United Photo Press
O Secretariado da Convenção da Diversidade Biológica das Nações Unidas, elegeu a United Photo Press como parceiro para levar a mensagem “2010 Ano Internacional da Biodiversidade” junto dos portugueses, no território nacional e no estrangeiro.
A United Photo Press é a cordenadora fotográfica do projecto LIMPAR PORTUGAL
O Governo Civil da Guarda apresenta a exposição internacional "PSR" da United Photo Press
A United Photo Press revela-se nos trabalhos que produz. E esses devem-se à confiança que nos é diariamente manifestada por muitas entidades nacionais e internacionais com que colaboramos – e que são parceiros, patrocinadores/apoiantes ou ainda instituições com que nos relacionamos em vários projectos que desenvolvemos. Todas elas nos emprestam o seu prestígio ao associarem o seu nome aos nossos projectos, e tal como nos orgulhamos de apresentar os seus nomes sabemos também que damos o nosso melhor para permitir a estas mesmas entidades continuar o seu bom trabalho.
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