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O comboio


Imaginem uma estação de comboio, vazia.

Vão passando pessoas mas para aquela que está sentada no banco, é como se tivesse sido vetada à invisibilidade.

Imaginem que a pessoa perdeu o comboio que devia ter apanhado, há anos, e ficou sentada no banco da plataforma.

Nunca mais passou nenhum comboio e a pessoa não sabia para onde queria ir.

A pessoa mantinha-se como que presa ao banco, com a dolorosa consciência de que quanto mais o tempo passava, menor seriam as hipóteses de outro comboio passar.

Como não sabia para onde ir, não tinha ideia se devia apanhar um táxi, ou ir para o metro, meter-se num autocarro ou pedir boleia. Nem conseguia pedir ajuda.

Estava sentada num banco desconfortável, onde se sentia infeliz, a ver tempo passar e sem saber o que fazer ou para onde conduzir-se.

Imaginem a claustrofobia.

Imaginem só.

É fodido.

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