Detesto passagens de ano. Não me apanham num timing pessoal assim catita e acho um disparate a excessiva importância dada à coisa. É passar de um ano para o outro. Se este foi uma merda, que venha outro rapidamente e não há muito a festejar. Se este foi bom, tudo o que é porreiro acaba-se... Se o próximo que se avizinha já vier inquinado, estamos a festejar somente pra' beber pra' esquecer. Se tudo é uma incógnita, celebra-se só porque sim, certo?
Parece discurso de velha, eu sei. Mas a passagem do ano é algo que me deprime e desde que me deu a loucura e acedi a ir ao Funchal para uma comemoração traumatizante, nunca mais fui a mesma.
Como não consigo (nem me atrevo a fazer futurologia) pensar o que vai ser 2011, faço apenas um balanço do que foi o 2010:
- Mudei de emprego: salvé aleluia, os anjos cantam por entre nuvens branquinhas e as trompetas douradas iluminam-nos com som de alegria. Saí do cativeiro, voltei a aprender e tenho conhecido pessoas muito giras.
- Engordei sem parar: fiz e desfiz dietas. Desisti. Basta-me ver um gelado, toma lá mais 1kg. É uma grande merda.
- Voltei a rir. Aos poucos.
- Fiz novas amizades, sui generis mas muito ricas em intensidade e profundidade.
- Cortei com aquelas pessoas que ou me puxavam para baixo, de modo egoísta, ou que me faziam sentir inferiores. Já não tenho paciência. A idade tem destas coisas: perde-se a vontade de aguentar só porque sim.
- Mudei de loura para uma morena tímida.
- Percebi que escrever me preenche. E que se pudesse só fazia isso. Escrevi com muita vontade.
- Li livros. Menos de 1/ 3 dos que devia. Olho com amor para a pilha de leitura em falta.
- Fui a Londres e adorei cada minuto.
- Não tive férias. Ou melhor, não fiz saí da parvoeira com os dias em que tive férias.
- Nasceram a Carlota e a Matilde, duas sobrinhas maravilhosas que trouxeram novos mundos aos pais e o sorriso à tia. Vi o Vasco crescer e andei com a Teresinha ao colo.
- Senti-me triste. Demasiado.
- Fui ao teatro, mas menos do que gostava.
- Foi o ano do relógio dos RELOGIOS, da abelhinha imperial, do Iphone 4 e do Mac, lindo como só ele.
- Tive muito calor.
- Não fui à praia. Está a tornar-se um hábito.
- Desejei muito mal a uma espécie de indivíduo.
- Disse "amo-te" ao moço sempre que me apetecia.
- Desejei viver outra vida.
- Mantenho-me à procura. De mim.
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