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caridadezinha

Este ano, a marca de lingerie e swimmwear , Calzedonia escolheu, para além da Sara Sampaio, a modelo australiana Robyn Lawley, uma das modelos mais conhecidas na categoria "BIG", ainda que a belíssima senhora quanto muito tenha curvas generosas, não sendo necessariamente gorda. É abonada em formas, digamos. 







Tudo muito dandy. A minha opinião sobre o tema não é para aqui chamada, agora.

O que me irrita profundamente é que isto seja motivo de debate nos media e nos blogs com as bloggers, magras de estúpidas, em bicos de pés, injectadas de provincianismo básico, a aplaudir esta decisão como se fosse já tempo de dar alguma atenção a uma minoria, as Gordas, the freakshow

É como os liberais brancos baterem palmas à eleição do Obama como 1º presidente negro dos EUA. Significa reduzir o homem, com as suas vastas qualificações e inegáveis putativas qualidades, a um estereótipo. À sua cor. Então mas Obama não era claramente o melhor candidato? A Robyn não é uma mulher bonita e sensual, não merece naturalmente ser rosto de uma campanha da Calzedonia? Mesmo com photoshop, em abono da verdade (o que revela o quão triste é na verdade esta puta de história).

E a eleição do Obama conduziu a uma redução drástica do racismo? Não creio. Da mesma forma, que esta campanha, enquanto acto isolado, não vai em nada mudar a mentalidade vigente no mundo da moda e na sociedade em geral. 

Continuaremos a ser vistas como ou portadoras de defeitos genéticos, ou bizarras porque não comemos sopa-alface dia sim dia sim, ou pessoas sem coluna vertebral porque não nos levantamos às 6 da manhã para ir correr pela cidade ou para uma passadeira até à exaustão, gastando dinheiro em dietas e ginásios (sim, nem todas podem ir ao ginásio e ter PT à borla, à custa de muita publicidade... as pessoas normais pagam! É uma chatice, mas é a vida), ou pessoas sem força de vontade para ingerir apenas seiva... até cair. Até estarmos tão perfeitas num bikini como as nossas amigas. Até não sermos alvo de comentários bichanados. 

Alguma magra que me diga que acha esta campanha o "máximo" como se a inclusão de roliças fosse um projecto social de caridade e leva com o meu peso todo em cima. 

Comentários

Mary disse…
Não acho nada que esta e outras campanhas do género sejam sinónimo de caridade(zinha). Gosto de pensar, sim, que as mentalidades estão a mudar - muuuuuuito devagar, é certo - e que, quando os meus filhos forem crescidos, talvez já não lhes seja exigido comerem alpista para serem estética e socialmente aceites.
Mónica disse…
Os teus filhos nunca vão precisar de comer alpista, tal como tu. E ainda bem. O que significa que não poses saber o q é ser-se socialmente mal-visto. O q custa não poder ir à zara sequer. É uma questão de perspectiva. Podes opinar mas não fazes ideia. Nenhuma.

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