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eu e os double standards

Sei que sou chata. Ponto final.  Mas o blog é meu e é para isso que ele serve... para eu bloggar, ou melhor, desamparar da mona as coisas que pra' aqui andam a pulular. 

Não gosto, um pedacinho, de double standards, acho que já mencionei isso, assim... um milhão de vezes. Não é uma questão de ser tolerante ou permeável a várias opiniões ou ter mixed feelings. É proferir A e fazer uma merda totalmente oposta com a maior das latas. 

Estive há uns dias com um grupo de pessoas, amigos e amigos de amigos, incluindo alguns pseudo "famosos" da praça (não do mercado, strictu sensu, mas aplicar-se-ia lindamente porque havia com cada pessoinha que p'loamordasanta!!!).

Voltando à socialização, falava-se da proximidade natalícia, do abuso de jantares, da necessidade de cortes orçamentais na economia doméstica, sobretudo nos presentes. Era consensual que, face à faixa etária do grupo, dos 30 para cima, presentes só para crianças e pessoas mesmo muito chegadas (tipo, namorados/maridos-mulheres e pais). 

A mais contestatária era a cheerleader, aquela personagem (gajo ou gaja) a quem só faltam os pompons e acrobacias maradas para chamar a atenção, neste caso... gaja!, que reclamava que perante o cenário de crise nacional era um disparate que as massas idiotas andassem às compras feitos tontos a gastar rios de dinheiro em brinquedos no Continente no dia dos descontos, que ninguém estava a ter noção da contenção e que a sociedade era quase como a banda do Titanic. Apesar dos excessos a la diva, a moça tinha a sua razão. Pareceu-me que no plano do casal em oferecer apenas presentes às crianças da família, para ela bastaria dar pacotes de 4 iogurtes ou um kilo de batatas tal era o carinho que punha na coisa, e se insurgia na abundância de bens que se ofertam aos "piquenos" (factual!), mas enfim... 

Claro que quando me perguntaram o que eu queria, não me soube calar e, mesmo sabendo que nem nos meus sonhos mais húmidos me calham presentes este ano, fui peremptória que queria a bolsa das moedas daquela marca que francesa LV, um IPAD branco 32Gb 3G e uma viagem a Florença (e não dizia que não a mais umas Uggs, cinza rato, cano alto, tamanho 5'5).

Mais valia dizer que sou adoradora do diabo ou do FCP. 

Tenho plena consciência que não vou receber nada disto até porque a pessoa mais certa de mas  oferecer, esse ser maravilhoso - EU - não tem hipótese. Mas fui honesta. Ia dizer o quê? "Ah, e tal, nada, um pijama e uma mantinha dos chineses para ter um ataque de alergia durante 6 meses?". Como diria o Berardo, "fôck of". As pessoas adoram ser enganadas.

Pois bem, passadas umas semanas deste excitante acontecimento, assisti a cheerleader em jeito meiguinho a fazer letra morta de tudo o que tinha dito, tábua rasa da afirmação de que apenas queria uma coisa, que lhe fazia DE FACTO falta, para a qual estava a pedir aos amigos e familiares contribuição, e agora já quer coisas chiques a valer. E caras. 

Nada contra, acho muito bem. Querer, sonhar, pedir, imaginar, é parte da magia do Natal. 

Mas, ó minha mula, decide-te, não? Ou estás no mood carmelita descalça e aforradora ou assumes que gostavas de ter A e B mas, olha, não podes. Ou até podes porque o cônjuge, os pais, a restante família, o gato das botas, tem possibilidade de oferecer. 

Gente desequilibrada. 

Arre!

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