Avançar para o conteúdo principal

Excelência



Balotelli, sonso, mas vai-se a ver sábio, disse tudo com este comentário.

Há uns anos, em miuda, ensinaram-me que não se agradece a quem faz o seu trabalho. 

As palavras generosas, de reconhecimento, são devidas quando alguém faz mais do que lhe é pedido, quando atingiu um resultado positivo e acima do que seria expectável pelas suas funções ou quando no exercicio das suas responsabilidades, empenhou-se para lá do que é normal, por exemplo fazendo mais horas para cumprir um prazo mais curto ou para fazer tarefas adicionais. 

No fundo, o que Balotelli acabou por afirmar. 

Nestes tempos de crise, de ansiedade, de receio, devíamos (cada um e a sociedade nacional, como um todo) repensar os nossos modos de estar e de viver as várias "gavetas" da nossa vida, quer familiar, quer social, quer de cidadania bem como profissional. Repensar-nos e reagir, passando a actuar de outra forma porque definitivamente a que temos tido, genericamente, tem sido uma treta e tem uma grande quota parte da responsabilidade da situação em que estamos. 

Bem sei que é uma utopia. Nem somos estimulados pelas instituições politico-sociais-educativas para tal, nem temos a disciplina para mudarmos. Ao passar a instabilidade e a crise, voltaremos aos maus hábitos, nos nossos comportamentos, na educação dos nossos (vossos) filhos e no nivel de exigencia perante quem nos representa (validando as mesmas pessoas com zero qualidades e uma imensidão de defeitos).

Não obstante, algo vai ter que mudar. 

Não creio que depois desta contracção economica, aumento do desemprego e consequente redefinição do modus operandi do funcionamento das empresas que conseguem continuar sacar delante, haja um regresso à forma como globalmente se encaravam as práticas de trabalho. Mal seria. 

Não vai voltar a haver, espero eu, grosso modo, espaço para pessoas acomodadas, pouco flexiveis, que gostam de ter chefiados (mesmo que não tenham sequer equipas formais sob coordenação), orientadas ao entrar tarde e sair cedo, e que aportam pouco às organizações. Podem ser umas queridas, contarem a vida toda na pausa do café (aquela que não tem duração definida!), à segunda feira trazerem imensos inputs sobre os golos da jornada ou as maravilhosas proezas realizadas pela prole, e serem um doce com as chefias... Mas ou impactam de modo construtivo nas organizações ou estas não vão ter espaço para elementos assim. 

Por um lado, com a retoma económica é mais fácil a mobilidade laboral, ou seja, a "guerra pelo talento" volta a abrir e aqueles que se destacam nas empresas vão ser tentados a sair. E sairão se virem que o seu esforço e engagement tem a mesma recompensa daqueles que contribuem apenas com o básico para o todo. E as empresa não podem dar-se ao luxo de perder os seus "melhores", nos quais já investiu tempo, recursos e que de facto apresentam ROI.*

Por outro lado, as estruturas estarão cada vez mais "esprimidas" logo quem está tem que ter uma performance de facto produtiva, pois tal não ocorrendo os resultados globais ressentem-se e/ou sobra mais trabalho para os demais. 

Posto isto,  é bastante interessante, e pedagógico, apreender as 5 (Novas) Regras da Liderança Excepcional apontadas no livro de Robin Sharma, O Lider sem Titulo, nomeadamente:

1. Cada colaborador é pago não só para fazer o seu trabalho mas também para ter medo, ou seja, quando "atirados" para fora da zona de conforto, cada um de nós tem o dever de saber "encaixar", lidar com o imprevisto e ter a capacidade de reagir. Temos que estar preparados para tal.

2. Cada colaborador deve ser o melhor no que faz. Dominar nas suas funções. Se for necessário reduzir custos, estas caracteristicas tornam a pessoa indispensável. 

3. O impacto positivo que cada colaborador tem nos outros é mais relevante do que o cargo ou o titulo que está no cartão de visita. A capacidade e a natureza do nosso relacionamento com os demais, sejam colegas, chefias, clientes, parceiros, é vital e é uma marca da nossa performance. 

4. O "ADN" emocional dos colaboradores é cada vez mais um critério base na selecção e retenção dos colaboradores, em detrimento da experiência que detenham. O "ADN" emocional reveste-se dos valores e carácter do individuo e reflecte-se no modo como interagem com as outras pessoas: e como o fazem num plano pessoal é visto como um sinal de como actuarão em contexto de trabalho.

5. A liderança é sustentada por 3 pilares basilares: a) Inspiração - que geramos nos outros; b) Influência -  como agimos e damos o exemplo; c) Impacto - reflexos da nossa atitude e desempenho na performance da organização.

Food for thought ... 


______________________________________________________________________________
*return on investment


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Os lambe-cus (MEC)

Os Lambe Cus, by Miguel Esteves Cardoso   "Noto com desagrado que se tem desenvolvido muito em Portugal uma modalidade desportiva que julgara ter caído em desuso depois da revolução de Abril. Situa-se na área da ginástica corporal e envolve complexos exercícios contorcionistas em que cada jogador procura, por todos os meios ao seu alcance, correr e prostrar-se de forma a lamber o cu de um jogador mais poderoso do que ele. Este cu pode ser o cu de um superior hierárquico, de um ministro, de um agente da polícia ou de um artista. O objectivo do jogo é identificá- los, lambê-los e recolher os respectivos prémios. Os prémios podem ser em dinheiro, em promoção profissional ou em permuta. À medida que vai lambendo os cus, vai ascendendo ou descendendo na hierarquia. Antes do 25 de Abril esta modalidade era mais rudimentar. Era praticada por amadores, muitos em idade escolar, e conhecida prosaicamente como «engraxanço». Os chefes de repartição engraxavam os chefes de serviço, os alun

Devo ser a unica mulher

Que gosta do Mr. Big. Pois que gosto.  Enquanto a Carrie era uma tonta sempre à procura de validação e de "sinais", a complicar, a remoer, ser gaja portanto, o Mr. BIG imperfeito as may be era divertido, charmoso, sedutor, seguro (o possível dentro do género dos homens, claro), pragmático.  E sempre adorou aquela tresloucada acompanhada de outras gajas ainda mais gajas e mais loucas.  Fugiu no dia do casamento? Pois foi. Mas casaram, não casaram? Deu-lhe o closet e um diamante negro.  Eu gosto mesmo muito do Mr. BIG. Alguma vez o panhonhas classe media do Steve? Ou o careca judeu que andava nu em casa? Por Sta. Prada, naooooooooo! 

Do acosso

Este calor que se abateu com uma força agressiva consome qualquer resistência.  O suor clandestino esbate vergonha e combate qual sabre as dúvidas.  A noite feita à medida de libertinos cancela as vozes interiores que alertam para mais uma queda dolorosa. A brisa quente atordoa, embriaga no contacto com a pele. O tempo pára, as palavras suspendem entre olhares que sustentam no ar tórrido toda a narrativa; qual pornografia sem mácula, mas plena de pecado. A lua cheia transborda e dá luz à ausência de sanidade que percorre no corpo. Tudo parece possível, uma corrente de liberdade atravessa-nos com o sabor do quente esmagado. E, mesmo assim, pulsa algo mais intenso. Mais derradeiro. Mais dominador. Mais perverso que o toque dos dedos. Mais agressivo que a temperatura irrespirável. O freio da impossibilidade.  A intuição luta com o medo e na arena o medo mesmo que picado tem sempre muita força. O medo acossa-nos.