A terra tremeu em Múrcia, com a força cruel de um solo em ira.
Mais à noite, a terra tremeu em Lisboa. Por toda Lisboa. Tremeu no Hospital de Stª Maria. Tremeu em Benfica. Tremeu no Principe Real. Tremeu em Alcântara. Em Sintra. Nos Anjos. Em Odivelas. Tremeu em Macau. Tremeu em todos os territórios onde estavámos, cada um de nós, expectantes, impotentes, à espera.
E a terra tremeu. Por amor, amizade e carinho ao S. e à sua familia, nós trememos.
O inevitável deu-se com a tristeza própria de momentos sem retorno. As cabeças tombam, os olhos choram, o coração contorce-se. Há um momento em que, derrotados, tudo pára, as palavras secam na garganta qual deserto, e o instante fica em pausa. E o chão não treme, desaparece.
A terra tremeu e ainda estamos a recuperar da fraqueza nos joelhos, da fragilidade de nos sentirmos pequenos, à mercê do destino. De não termos super poderes para resolver. Resta-nos, somente, a magia do conforto, a palavra timida, quase constrangedora, o abraço que diz tudo no silêncio.
A terra tremeu porque chora com dor e saudade ter deixado ir mais uma boa pessoa. Nós trememos porque sabemos que a Drª Olivia vai fazer muita falta.
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