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Anderson Cooper

Há pessoas que vemos ou ouvimos e nos atraem de imediato. Geralmente, são pessoas com uma vida multifacetada. Pessoas que aparentam estar em paz consigo próprias, mesmo estando sempre à procura de novos desafios.

Vi várias vezes reportagens de Anderson Cooper no seu trabalho de jornalista de "terreno" e vi entrevistas que deu quer ao Jon Stewart, mais orientada para temas de jornalismo e politica, e à Oprah, mais focada no seu lado pessoal. Foi das poucas vezes que ele falou da mãe, "apenas" Gloria Vanderbilt e do drama do irmão que se suicidou, apesar de ter escrito um livro em que essa parte da sua vida é analisada por ele.

É uma pessoa tranquila, bem falante, com uns curiosos e vivos olhos azuis e um discurso ponderado, bem disposto e directo. Curiosamente, o seu novo programa, a estrear na CNN, diferente do 360º que apresentava, visa "preencher" o vazio deixado pela saída da Oprah no espectro dos programas diários dedicados a temas sociais (desde os mais dramáticos às mais mediáticas estrelas).

O herdeiro da fortuna Vanderbilt desmistifica a ideia de que filho de rico (multimilionária, neste caso), pária será.

Anderson Hays Cooper é o filho mais novo do escritor  Wyatt Emory Cooper e da sô dona Gloria Vanderbilt  (sim, a do perfume mas também herdeira de um império marítimo e ferroviário). Old money, portanto.

Foi modelo em criança (se é assim aos 44 anos...), mas também era disléxico. Aos 11 anos o pai morreu. Aos 17 ia morrendo ele no Quénia, com malária, numa viagem de mochila às costas em busca do apelo de África (tendo estado hospitalizado, deve ter achado uma piada ao apelo!). Licenciou-se em Ciência Politica e Relações Internacionais (óptima escolha, pois então!), em Yale, e aos 21 anos o irmão suicidou-se, atirando-se do terraço da penthouse da mãe, em Nova Iorque (14º andar), aparentemente devido aos problemas psiquitátricos. Anderson  Cooper afirma sem problemas que a "opção" do irmão fortaleceu o interesse pelo jornalismo, na medida em que queria lidar com pessoas em situações diárias de extremo mas que não desistiam.

No final do primeiro ano como correspondente, em Burma, para uma agência de noticiais, fez uma paragem sabática e andou pelo Vietname a passear, a aprender vietnamita e a fazer reportagens acerca da vida e cultura locais. Mais tarde, voltou a este registo mais intimista em diversas regiões marcadas pela guerra, incluindo a Somália, a Bosnia ou  o Ruanda. Tudo sitios catita! E em tudo o oposto aos Hamptons ou ao Upper East Side.

Fez 5 anos na ABC News e em 2000 passou para o entertenimento, como apresentador de um reality show, no canal ABC. Depois do 9/11 voltou à Informação, mas na CNN. Desde Setembro de 2003 que é o pivot do programa Anderson Cooper 360°, um programa noticioso de 2 horas, através do qual cobriu temas tão dispares como o tsunami, a Revolução em Beirute em 2005, a morte do Papa João Paulo II ou o casamento real britânico de Carlos com Camilla Parker Bowles. Todavia, foi na cobertura do Furacão Katrina que mais se destacou pela pressão que exerceu na defesa dos sobreviventes e no apuramento de responsabilidades a que a Administração Bush fugia a 7 pés.

Em Outubro de 2007 apareceu como apresentador dos programas Planet in Peril e CNN Heroes: An All-Star Tribute, este ultimo dedicado a reconhecer os feitos de pessoas comuns, confrontadas com situações em que se revelaram extraordinárias.

No meio disto tudo, ainda teve que se tratar do inicio de cancro da pele.

Todo um oposto a Oprah. Reservado, contido, podre de rico à nascença. Branco. Um herói ao bom estilo americano.

Estou muito curiosa em ver o programa novo. Gosto mesmo deste tipo. Gosto do estilo. Gosto do modo como aborda o jornalismo. Gosto que seja competente, rigoroso e resistente sem deixar de ser educado. Gosto que seja interessado, curioso mas sem perder a veia "predadora" quando confronta os objectos do seu trabalho.





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