Já vivi momentos muito duros na minha vida, incluindo perder a pessoa que me era mais importante na vida. Perto disto, os demais eventos tiveram a sua dose de severidade e de dor mas numa escala diferente. Pelo passado, fui acomodando a tristeza em caixas fechadas, esquecidas, até que o espaço começou a rarear.
Hoje foi dos dias mais crueis que já vivi. Passei o dia todo a jogar entre o "aguente firme" e o desnorte.
Por fim, foi como se me tivesse visto ao espelho e tivesse ganho consciência de coisas que já sabia mas com as quais fazia ziguezague. Quando nos confrontamos com a nossa real imagem, quando ela nos atinge como um arpão e percebemos que é impossivel conviver com o ricochete, não há mais caixas, não há um canto que seja para arrumar os estilhaços.
Hoje morreu algo em mim. Algo que eu vinha a matar aos poucos, em silêncio. Nada poderá fazer reanimar o que se perdeu. Nada pode apaziguar ou fazer esquecer o que vi. Foram minutos que duraram uma eternidade e sempre que fecho os olhos consigo nitidamente perceber o monstro a ganhar forma. E a tomar conta de mim.
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