Lá dizia o Jack Nicholson, n' Uma Questão de Honra, e com toda a razão.
As pessoas não gostam de ouvir as verdades. Não gostam quando as verdades aparecem sob a forma de uma opinião sobre elas ou sobre uma situação em que estão envolvidas. Não gostam quando as verdades são ditas no meio de uma discussão ou de um debate mais acalorado. Não gostam quando as verdades são sobre outros mas são pouco positivas ou cor de rosa.
Neste último caso, e como todos temos chatices na vida, sejamos mais estranhos ou mais próximos, até mesmo consideremos ser amigos, há sempre quem prefira virar a cara para o outro lado, fingir que está tudo dandy, não vá as merdas dos outros serem contagiáveis e o mau karma pegar-se. É fácil dizer que somos amigos de A ou de B ou que C é uma pessoa porreira, desde que A, B ou C não tragam desgraças atrás, porque já bem bastam os telejornais e a malta quer é divertir-se, espairecer os fantasmas e ignorar. Finjam, por favor. Finjam que estão felizes no relacionamento, que no trabalho, pelo menos, vai tudo "benzinho" e que não há problemas para Houston.
A verdade incomoda. Tenho continuadamente ouvido que isolar-me não é uma boa solução, que estou muito sozinha e eu faço aquela cara de Bambi em metarmofose para Steven Seagal.
A verdade é que se eu disser que socializar implica sentir-me um camião TIR de 24 toneladas no meio de Smarts e isso deixa-me a) desconfortável; b) miserável; c) infeliz; ou se eu disser que não posso gastar dinheiro portanto jantares, brunchs, aniversários, ginásios, cabeleireiro (só eu sei o quanto precisava de tratar esta melena!), voltas no carrocel estão proibidos; ou se eu disser que não me apetece ver fotos nem ouvir falar das férias de outros porque eu não sei o que é isso há anos, e apesar de ninguém ter culpa, eu simplesmente não me apetece passar por esse martirio pessoal; and so on ... serei (sou) olhada / posta de lado, como profeta da desgraça, como alvo a abater por não encaixar no civismo fétido das coisas que não se dizem ou não se comentam, porque na verdade, amigos, amigos, tristezas à parte.
Façamos assim: não insistam. A grande maioria já fugiu como se fossem do regime Kadhafi. Se não tiverem vontade em conviver com alguém que não esteja Happy, Happy como um desenhado animado, não simulem preocupação porque depois levam com a verdade e não vai ser bonito.
Ide às vossas vidas "perfeitas" (ou semi-perfeitas mas em que todos têm força de vontade, a resistência e a disposição para dar luta e viver em Bliss total e quem não é assim é um derrotado que apenas vegeta) e deixai-me no meu cantinho em modo de recolhimento. Sim?
Oh pá, vocês são mesmo cutxi-cutxi!
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MBA