Há uma porta que balouça ao sabor da corrente de ar. Que nunca se fecha, em perpétuo movimento, à espera. De algo novo, de algo que não sei prever, de algo pelo qual busco incessantemente.
A porta agita-se mais consoante a minha insatisfação aumenta, quando a demanda se torna sufocante. Quando o imediato e a impaciência se aliam para me alimentar o caos.
A ausência de equilibro faz a porta movimentar-se mais depressa, a ranger com um som que me rouba o sossego, que ampara e desperta a inquietude. A porta sucumbe a esta ventania, quase salta no remoinho e eu não sei se a atravesse com toda a fúria que há em mim, se resista com temperança.
O que seja, sou total, inteira. Mesmo ante a porta que não se encerra, que há anos me desafia a uma busca que não tem fim, que desgasta a madeira pelo cansaço, pela insatisfação, por algo que falta. E o chão está massacrado pelo fluir da porta pese embora que é neste contínuo andamento que está a minha história, a minha entrega, o meu distanciamento e a minha impulsividade. É o meu lacre.
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