E se nunca te vi e, ao cruzar-me contigo, estremeço sem
perceber as razões? E as pernas que fraquejam perante um coração que dispara
como cavalo selvagem livre em campo aberto?
E não consigo evitar de buscar-te entre a multidão que
não me interessa e só gera ruído até que os nossos olhos se fixam com
intensidade e, neste frame, imagino uma queda no tapete com roupas tiradas
devagar por oposição ao consumo veloz da boca.
Não te consigo desenhar com precisão mas sei-te de cor
pelo toque arrojado, pelo desejo incontido, pelo abuso ávido com que me tens e
me usas. Existes em mim, sinto-te a passar-me a pente fino as emoções com
aspereza e efeito destruidor, quando nos submetemos, à vez, aos caprichos de cada
um que preenchem o outro.
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