Esperas por mim.
Todas as noites como em todos os dias em que não nos
havíamos ainda conhecido. E foste aguardando. Até que nos cruzámos sem pressas
num local estranho isento de culpas, de pressas, de barreiras. Pleno de
silêncios, de um abraço sem fim, de encanto.
No meio do caos, dos riscos, do frio, dos medos, das
circunstâncias acidentadas, vagueavas à minha espera. E eu fugia por entre
estradas fustigadas sabendo de antemão que chegar a um refúgio era construir
algo que seria mordida de serpente.
E sucumbi à espera. Nos teus braços encerrada encontrei
paz. Com o teu corpo a proteger-me, sentiste que a espera fora apenas uma
passagem breve para um mar picado mas sempre em desafio.
As ondas colidem sempre que nos deixámos de esperar.
Batem com força e morrem suaves na areia. Esperas por mim no paredão. Até
quando?
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