Dormi sob estrelas sem sequer as ver apenas por sentir a
intensidade do teu olhar que iluminava tudo à minha volta e incendiava o meu
interior.
Dormi como se fora verão quando gelava a noite lá fora só
porque os teus braços me apertavam com suavidade impiedosa, territoriais e
fechados sobre mim, protectores e prometedores.
Dormi enquanto chovia sem cessar, bafejada por aparente
calma de um campo de espigas sob leve brisa. A trovoada embalou-nos, perdidos
num frenesim só nosso, de inconsciencia até esgotado o prazer, e fixarmos os
olhos sem desviar, para que tudo ficasse dito.
Estou desperta. Para a oferenda dos sentidos, para te
acolher sem demoras, para estar com conforto e irrequieta, para me deixar ir no
brilho sem misericórdia com que páras em mim.
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