Há noites em que o desejo tortura tal a necessidade. Em
nós queima febril uma vontade de que não haja controlo, não haja restrições, os
movimentos soltam-se com urgência e como se a sobrevivência estivesse em
questão pelos beijos em sobressalto e a quente.
Não há regras, só pele a latejar. Não há certo nem
errado, apenas suor e pedidos em gemido por mais. Não há mais ou menos, rápido
ou devagar, há um arquear das costas. Não há horas, somente fome por possuir,
com emergência, ânsia, súplicas. Não há lençóis ou edredon, há corpos nus em
dança a dois como se fosse ensaiada vezes sem conta ainda que fosse a primeira
vez que as roupas tenham sido roubadas com brusquidão, e a exposição completa
tenha sido uma revelação ainda mais propulsora. Não há noção de espaço,
todos os cantos são território a conquistar sob farta intensidade e poderoso
engenho.
Há noites que nada faz sentido sem ser não ter noção e
perder os sentidos entre música e o som do roçar de cansaço e prazer. Noites
sem fim de devaneio e exaustão, em que do negro fazemos luz, do que eu podia
ser banal, fazemos algo insuperável.
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