Quero-te pela desarrumação incompreensível que somos.
Quero-te pela forma como me procuras à noite na cama, ainda a dormir, de modo
instintivo, apenas para te recostares do mundo e amaciares no meu calor.
Quero-te (tanto) quando sais do mar, feliz e salgado, qual criança livre
agarrado à prancha como se fosse o teu bem mais precioso, a tua melhor amiga, a
porta para o teu refúgio. Quero-te pelos beijos inesperados, lentos, que
invadem qual descarga eléctrica, e afirmam sem hesitações desejo e amor. Quero-te
pela forma como te afundas num livro e tudo à volta entra em pause-still e,
mesmo assim, de repente tocas-me no joelho, no cabelo, dás-me a mão. Quero-te
porque sei que acreditas em mim e não me questionas, crês que posso mudar o
mundo. Quero-te pela tesão, confiança, cumplicidade e pelas saudades que temos,
ainda, sempre, um do outro. Quero-te por te rires quando começo a cantar
músicas que gosto e ouço a tocar, esteja onde esteja. Quero-te por dançarmos na
rua se preciso entre gargalhadas. Quero-te porque somos diferentes, e
parecidos, e quase não necessitamos de falar para nos entender enquanto os
outros nos olham entre a incredulidade e o espanto. Quero-te pelo
arrebatamento, pela paixão intensa, pela luxúria sem fim, pelo descanso no teu
peito, pelas carícias que resolvem tudo.
Quero-te porque existes.
Quero-te
porque te cruzaste comigo e não desististe sem que eu sucumbisse a uma loucura
de mochila às costas que todos dias se renova e reinventa. Quero-te porque
somos uma surpresa continua. Quero-te porque fazemos sentido.
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