Se te tivesse que te dizer algo sobre ela, avisar-te-ia
que não te aproximasses. Ela é séria, brusca, de olhar assassino. Não tem tento
na língua, nem limites na capacidade de ser honesta, e em ser directa como um
machado afiado que atravessa entre as costelas e não cede espaço.
Mas o que a torna verdadeiramente letal é a sua
capacidade de auto suficiência num mundo estranho que a penaliza pela lealdade,
pela ausência de julgamentos ou moralismos, pela sinceridade desabrida quando
todos escondem as suas intenções entre sombras.
A sua perigosidade advém do respeito pelo outro mas, sobretudo, e como prioridade, por ela própria, pela impossibilidade técnica de
mudar em prol de algo ou alguém, e de aceitar com naturalidade que tal implica
ser rejeitada muito mais que amada.
Ela basta-se. Ela exige. Muito. De si mesma. Não depende
de ninguém. Sabe onde estão as falhas mas glorifica a sua luz. Tem tanto de
fascinante e de temerária como de inquieta e perturbadora.
É como que intocável. Não porque se distancie propositadamente
mas porque é difícil comunicar com ela. Nada é normal, mundano, banal. É
intenso, arrebatador, pleno de curiosidade e silêncios. Inexplicável e
inesperado. É uma missão árdua acompanhar alguém que sabe o que quer e que não
tem problemas em fazer o caminho mais duro munida de uma armadura invisível que
aparou já tantos golpes.
Não recomendo que o tentes. Ou aguentas a passada ou ela
destruir-te-á, sedenta de energia positiva e cansada de pessoas fracas.
Comentários