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Do massacre



Houve um tempo em que te quis muito. Te quis tanto que doía-me acordar e saber que não me querias. Perfurava os ossos saber-te longe pela distância que me impuseras.

Houve um tempo em que estar contigo era o meu descanso de guerreira que bailava com o meu mais feroz desejo. Descobri contigo que estar com alguém com o verbo gostar intensamente envolvido era algo que me trazia paz, emoção, risco, calma. Era algo que me completava, suavizava e desafiava.

Houve um tempo em que as tuas mensagens me punham bem disposta e me faziam rir com gosto e ar de criança. Saber-te a pensar em mim era alimento, catalisador, segurança. Quando os telefones se quedaram mudos, a rejeição ecoou gritante dentro de mim.

Houve um tempo em que não sabíamos nada, era tudo novo mas o caminho para ambos era automático. Magnético. Destinado. Até que num ápice se derreteu como folhas atiradas para uma lareira.

Houve um tempo de arrebatamento violento mas o massacre que se seguiu foi mais veloz, profundo, derramado sem justificação e com cores de crueldade. Houve um tempo em que me dei ao erro de confiar. Houve um tempo em que venceste na arte da dissimulação.

Houve um tempo que não volta. Serve apenas de curso intensivo pois a vida é uma construção de histórias que nos fazem aprender.

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