O moço tem andado doente. Desconfiou-se de malária mas uma vizinha querida tratou de o levar às autoridades competentes, dar-lhe sopa e depois, ao fim de dia, ainda tratou de mim abalada pelo ataque que me caiu em cima.
Foram dias de angústia, entre a hipótese de malária e a violência psicológica. O drama do Japão, que relativiza tudo, como qualquer desgraça natural, também não ajudou a mudar o espirito.
Mas hoje almoçou-se polvo à lagareiro no Glorioso (fiquei ligeiramente mal disposta), com grandes amigos reunidos, estrelas da TV divertidas, e os sobrinhos Pedro e Matilde a quem dei muito beijo, muito mimo, muito amor incondicional. E eles respondem com um abracinho ou tentativas de gargalhada aos 5 meses.
Bliss total.
De repente, entre falar-se do Benfica, com amor e devoção, entre estar protegida por pessoas que me são fundamentais, entre o congratular o sucesso de uma grande mulher que criou um projecto, pô-lo a andar e tem mais que pernas pra' andar, ou aprender o que são "vomitórias", ao fim de 48h o meu coração acalmou, a ansiedade baixou para valores mínimos e pensei "porra, as coisas vão correr bem"!
Só podem correr bem.
Porque, para mal ou para o bem, sou boa pessoa (o que é fodido), tenho cabeça, e já passei por tanta merda que começo a ter uma endurance de fazer inveja. Em vez de pensar "tudo me acontece", é mais "o que não me matou - mas esteve quase - só me dá força".
É verdade que precariedade aos 35 anos é uma merda, mas que seja uma oportunidade.
Venham as filha de putices, de quem tenha coragem, que eu aguento. E quando perder o gás e a esperança, sei onde está o meu reduto de força.
Um grande bem haja aos meus amigos, os que estavam hoje, e os outros que não desistiram de mim.
E, não, não é malária.
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