Não sou muito fã do estilo "tirem lá a fotografia, porque sou famosa, visto umas merdas mal enjeitadas e isto é moda!"
Chamem-me conservadora mas estas manias de ser revolucionária, para quem gosta mesmo de moda, ou temos: uma pessoa verdadeiramente lançadora de tendências, que pega no que é moda, mistura com o que é intemporal, e nos momentos mais simples está maravilhosa (Olivia Palermo, Elle Macpherson, Blake Lively, Kate Bosworth); ou alguém que mistura o básico com o luxuoso, o chique com o informal aliada ao clássico, mais caro ou mais barato, num estilo muito próprio mas algo mainstream (Margarita Missoni, Aerin Lauder, Leighton Meester).
Ser uma Alice Delal uma Peaches Geldof ou Alexa Chung não é pra' todas. Nem para elas, que vão do ar de junkie, ao de sem abrigo ou ao mais sem graça possível. Mas a fama dos pais, o dinheiro dos pais, os escândalos e o mediatismo televisivo deu-lhes uma ajuda para que o seu non-style seja um style.
Não fui à MLX. Não tinha convites nem me dei ao trabalho para os tentar arranjar.
Zero paciência para esperar em filas, até a desorganização permitir começar os desfiles; para o buzz histérico das putativas estrelas loucas por fotografias e uns brindes à borla mas sempre de forma a que não pareça que estão a "encher-se"; wanna-bes por todo lado, a saltitar com a fatiota mais extravagante, ou mais cara, ou mais decotada, em busca de protagonismo.
Sociologicamente, já nem sequer é interessante. Degrada-se a olhos vistos de apresentação em apresentação. Perde a piada.
Mas sou uma vendida. Fui vendo no site da Moda Lisboa, da Vogue e em alguns bloggers o estado da coisa (até porque acho importante que tenhamos uma Moda Lisboa forte e "vendável" em termos de ter criadores que façam dinheiro cá ou fora com o seu trabalho).
1ª constatação, meio mundo virou The Sartorialist. Ou acha que virou...
2ª constatação, o outro meio, apareceu mesmo muito freak.
Se a tendência é a cor: 'bora lá por cor, mas vamos misturar isto com mini-saias, com chumaços, com sapatos de salto abertos e meias opacas coloridas, apesar da chuva. Skinny e mais skinnys. Uns óculos de sol 80's, coloridos também ficam bem (NOT!). Franja, muita franja, com umas fitas de ballet, muito NYC na altura da Fama. Ou então penteados elaborados rétro.
Mas porquê ficar por aqui? Vamos adicionar mais miscelânea de estilos.
Anéis em profusão, estilo hippie-India, com mais cor ainda. Se ao menos isso combinasse com os relógios e as pulseiras, mas não ... mais misturadas! Last but not least, para não parecer que os modelitos vieram todos da Zara, da Berskha e da H&M, "bota" mala de luxo.
Até custava a ver. Havia de facto pessoas que se conseguiram sair bastante bem, mas essas nem vão aparecer provavelmente em muitas revistas mas a grande maioria das It Girls tuguinhas, as fashionistas, andaram perdidas entre a tendência, o exagero e o síndroma de subúrbio.
Pelo que vi, as colecções também deixaram muito a desejar.
Tirando honrosos exemplos, e independentemente da qualidade do corte e inovação dos materiais, muita coisa pavorosa. Claro que ninguém diz nada não se vá perder o convite para a próxima edição. As piadas que se ouvem enquanto dura o desfile ou nos intervalos nunca ninguém tem a puta da CORAGEM para dizer aos media: "gostei de A e B, X e Y não percebi ponta daquilo". É que nem todos podem acertar sempre (exemplo, a colecção dos Manéis era fraquinha....), não há mal dizer "não gosto", desde que seja construtivo. O criador fica lixado à mesma mas uma pessoa tem direito à sua opinião.
Só que e perder bebida à borla, comida à borla, merchandising à borla, publicidade no front row à borla?
Era o perdias...
Portugal no seu esplendor.
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Beijocas