via @lovecherry
Em algum
dia tinha que estourar. Esticamos tanto a paciência, a espera, os limites da
tolerância pelo que nos dão, pelo que nos sonegam, pelas meias respostas, pelos
silêncios, pelos entusiasmos renovados seguidos por abruptos “já era”, pelas
indecisões, pelas palavras sem conteúdo.
No fundo, exaustos pelas promessas dos anúncios, dos livros, dos amigos, das
infinitas possibilidades à disposição de um click. E nada, de facto,
verdadeiramente revelador, substancial, honesto, genuíno, se desenrola.
Tudo continua no seu ritmo de peças que não encaixam, de jogos que temos que
jogar, de aparências para não mostrar entusiasmo inusitado, ou distância que não
revele que também caçamos, ou um sinal de putativa carência que possa ser a
queda do arame.
Num dado momento, já não podemos ser o garante de tudo e todos. Assumir o nosso
egoísmo é somente a sequela. Firmar o pé, com total segurança. Basta de apenas
receber quando é oportuno aos outros. De termos que dar vários passos atrás
para que de repente a nossa presença seja alvo de saudades.
Os nossos limites vão-se desgastando.
Não apagamos as dúvidas mas ganhamos
certezas de que o tempo é valioso, é nosso e não o podemos esbanjar com
oportunidades que sabemos de antemão são perdidas. Navegar no vago não tem
propósito, excepto enganar-nos. E dar-nos algum conforto, esperança, ainda que
saibamos que é ténue, frágil. Então, rasguemos os panos e assumamos que somos
(muito) mais e mais fortes quando estamos numa paz tranquila, natural, rica,
com os que nos rodeiam. E connosco.
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