Dias sem fim à espera que viesses. Que desses um sinal. Que vivesses à altura, sem escapes. Que nada receasses.
Que te deixasses libertar sem frases feitas, calculadas. Que me olhasses directamente nos olhos, os vincasses com destrutibilidade e soubesses exactamente o que neles procurar, com a curiosidade de criança de descobrir (sempre) algo diferente. Ser arrojado em pleno, não apenas em planos grandiosos, mas encarares as minhas olheiras de sexo, ansiedade e desconfiança e quereres mais.
Sempre em fuga, qual herói de BD, com timidez desarmante, cortas com facas afiadas que são as tuas palavras, o silêncio que nos inquieta por ser demasiado confortável, íntimo, como se a segurança fosse um desconhecido risco movediço, insuportável a quem está habituado ao arame.
E a solidão é mais que um desígnio, é o que nos une.
Posso-te combater, como tudo que enfrento? Posso-te roubar paz ou dizer-te que te dou sossego pois isso me suaviza as cicatrizes? Desafiar a lei da lógica num caos imenso que só assim parece ter sal? Posso somente ser eu e submeter-me ao mais solene dos instintos. Cortar os afectos como se fossem veias.
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