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Do que nada mudou








E agora? 

Nada muda, na verdade. A terra tremeu apenas por momentos e só nós sentimos. Eu, na pele, saboreada entre alucinação e crueza. Tu, com a intensidade de quem se propõe a ignorar logo de seguida. 

Mas o mundo seguiu no seu curso normal. Nenhuma erupção parou a vida tal como ela é. Não salvámos vidas. Nem as nossas. 

A minha permanece neste exaltado desalinho de tudo ou nada, agora e já ou nunca, nesta impaciência de quem não tem espaço para mais dores nem desejo por desalento. A tua na calma hesitação de quem tem o mundo na ponta dos dedos, como se música fora que saísse do teu recatado turbilhão emocional. 

Não descobrimos novos caminhos. O meu continua em passo acelerado para algures onde finalmente repouse este ardor e explosão de fazer, a pedir de ser domado. O teu queda-se na distante solidão segura, desconcertante, madura. 

Segue tudo como é, como já foi, como será. Impassível. Com o suave sabor de um acaso

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