Quanto tempo dura um
amor?
Instantes são
suficientes para aqueles que se apaixonam todos os dias no metro. O tempo de
uma viagem que enche o peito de ânimo e bem estar e cessa a memória em horas
sem dor ou mágoa.
Podem ser semanas nos
amores de verão, carregados de sol, beijos apressados, à sucapa, noites longas
de copo na mão e areia na roupa madrugada dentro.
Ou serão anos, quando
somos adultos e achamos que ser adulto é ter um amor à espera em casa, que nos
acompanhe o de vamos, que nos dê a mão nos embates, nos aceite com tolerância e
estima até ao dia que a rotina, o desgaste, os Eu se diferenciam e alguém
percebe que esse amor se esgotou.
Pode ser metade de
uma vida? Sem reciprocidade, sem materialização, sem proximidade? Podem ser
tantos anos desde quando tudo começou? E qual castigo - um fica aprisionado a
esta sina de ter o outro colado a si?
Venham outros amores, venham outros
amantes, venham dores, venham alegrias, e ser mesmo assim aquela a fractura
exposta mais íntima que podemos ter? Que nos incapacita de entrega, que nos
dota de cepticismo, que só nos permite conhecer a rejeição? A maior de todas, a
única que vivemos através de dias, semanas, meses e nunca cicatrizámos?
Pode um amor ser tão
forte, resistente, avassalador e destrutivo de nós? Sim; e esperar que o
curemos.
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