Somos tão breves. Leves. Apenas momentos. Insistimos em
transportar peso. Tensão. Desnecessário.
Não controlamos, de facto, tudo. Ou
alguma coisa. Há sempre algo que queremos que não vamos ter. Por muito que o
desejemos, que o desenhemos na nossa mente como uma ilustração com cheiro, com
sons roucos, com suor, com arrepios de prazer. A realidade, por si, e para nos relativizar, é feita de
uma malha tecida com anos, com entregas, com construção cuidada, com os
desígnios do que é uma edificação, as aspirações do que é a história de alguém.
E somos um flash. Uma carruagem de metro em alta
velocidade que se acerca da plataforma, abre as portas para toda uma nova
viagem, e a aventura que queremos não começa ali. O metro segue. Fomos apenas
uma paragem no terminal, não houve quem entrasse.
Vale a pena esperar por mais? Complicar? Sentir?
Somos instantes. Para quê a fogosidade, se no segundo
seguinte acabou o que nunca houve? Para quê a intensidade quando não há impulso
para mais? Tanta paixão consumida sem encher um quarto, sem repousar numa alma,
gasta em vão. Sem retorno.
Ardemos rápido na chama que alguns de nós acendem por si.
Nada resta. Alguns somos auto-destrutivos. Perecemos num ápice. Renascemos de
seguida.
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