Não há amores ideais. Irreal pensar que se atinge
perfeição no amor quando se fala de pessoas numa dança continua de emoções,
toque, perspectivas, tensão, desejo. Nada é perfeito na vida. Como podemos
esperar que outrem, com as suas marcas, as suas pausas, as suas
inconsequências, a sua imediatez, os seus triunfos possa estar sempre num
alinhado movimento connosco?
Não há amores ideais. Haverá ainda espaço para amores?
Num universo de constante corrida contra tempo, de assistência múltipla a uma
rede infinita de polos de atenção, de um sortido de opções qual comando, é
possível perpetuar a fuga e manter os sentidos quentes, a imaginação activa, o
corpo em combustão sem que haja espaço ou vontade para que algo mais nos
sustente, nos obrigue a dar, nos leve mais longe.
Ideal, seria pois amar. Sentir conforto, naturalidade em
amar como se não fosse algo tão impossível quanto missão, tão danoso como
improvável, tão unilateral como calado para não parecer estranho.
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