Com o olhar doce com que insistes em pousar esse quente no meu rosto, fazes-me ter vontade de te dar o mundo e as aventuras que o fazem girar, o colorido das manhãs nascidas sobre o mar, o som que sai dos rádios e me aproximam de ti.
Com o gesto meigo com que me puxas para os teus braços, sinto o solavanco emocional de te ter por perto e tremo como insana pelo prazer que me dás ao mexer no meu cabelo, que corre solto na nudez do teu peito, enquanto baixas as mãos pela brancura das minhas costas.
Com o sabor teu que me deixas nos lábios, recordo o vento de arrepiar dolente de outras noites em que histórias ditámos para os lençóis que nos tapavam e nos aproximavam do mesmo sonho, tu guiando o caminho vencido pelo cansaço, eu acompanhando para me manter perto de ti mais tempo.
Com a gargalhada que te caracteriza enches o espaço em que parece que mais ninguém existe, anulados pela força que nos atrai, como se os tivesse apagado para te desfrutar devagar, nos momentos que são parcos pelo tanto que te queria revelar, pelas estrelas que contigo queria ver, pelo silêncio que contigo queria partilhar.
Com o sorriso de criança que me deitas, convidas a que me esqueça das forças que puxam para o chão, que arrastam para os dias mais agrestes, que escondem o azul do céu em Lisboa; e sinto novamente o chão a tremer quando me sorris e nada tem o mesmo valor a partir daí, tudo se confunde e se mistura, as cores trocam-me as voltas e sinto-me perdida em ti.
Com o modo decidido como me puxas e me roubas o calor, sinto-me navegar para longe, saciada e sem limites, entregue a ti, presa a nós, livre pela satisfação, rendida por me sentir tua e preenchida pela calma avassaladora que em mim depositas; e o mundo parou sereno enquanto regresso, plena de bem-estar.
E então tudo sossega, na minha cama sinto o teu aroma colado ao corpo, com a mesma intensidade com o que está colada a mim a memória da primeira vez que te vi, do teu sorriso e daquela necessidade que tinha de te vislumbrar, de te ouvir, sem perceber porque pequenas doses de ti me consumiam com aquele crivo de remoinho e ansiedade. E hoje tenho-te, sem ter mudado a tua força.
(mónica pinheiro, autoria)
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