Nas minhas manias sobreviveu uma não revelada: adorava viver num hotel. Sempre tive este fascínio à Beatriz Costa. Gosto de hotéis (como gosto de portas, sejam de rua, de casa, de casa de banho... fico especada sempre que vejo uma que me tira o fôlego!)... as camas, os lençóis esticados, as TVs que nunca têm ZON, os pequenos almoços, os recantos, as vistas.
Vivia bem num hotel, vivia! Pronto, admito.
Ora, isto encaixa no ambiente intimista e quase familiar que Sofia Coppola nos traz com o Chateau Marmont, a zona de conforto do desinteressado, do indiferente, do alienado, do dettached Johnny Marco (Stephen Dorff), actor que conta os minutos pelos cigarros que fuma. E nada mais.
Exilado naquele reduto confortável mas nada luxuoso, quase kitsch, do Chateau Marmont, só a chegada da aparentemente equilibrada mas triste (e esforçada) Cleo (Elle Fenning, brilhante) lhe dá um vislumbre que a sua vida é um dia vazio, aborrecido, sem significado, atrás do outro.
Quanto vale, na vida de alguém, a última cena do filme?
Quem não entende, agradeça ser poupado aquele aperto no peito que nos tira o ar, tolda a visão e nos faz sentir apenas sombras.
Achei magnifico o filme. O barulho do Ferrari, as gêmeas (boas!!!) e as suas coreografias tão pouco naturais no varão, os ovos benedict.
Coppola filha tem uma maneira de equilibrar uma linguagem vintage, simples e quase banal de filmar com graciosidade e capacidade de nos "puxar" para o ecran.
Continuo a ser uma acérrima louca pelo Lost in Translaction mas esta senhora faz-se!!!
Comentários