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Coisas de que não se falam ...



(texto original, Blogue de Esquerda, 4 de Maio de 2010)

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A crise, e o aumento do desemprego, têm timidamente trazido à tona uma realidade pré-existente mas que, pela força das circunstâncias (mais pressão no dia a dia laboral, pessoas mais dependentes do trabalho por falta de redes sociais 1-to-1, e pela falta de opções que o mercado tem esmagado), ganha mais expressão e que se chama assédio moral aka o bullying dos graúdos ou a sacanice de quem "pode".



Há assédio moral quando, de forma sistemática, se verifica um comportamento indesejado, praticado aquando do acesso ao emprego ou no próprio emprego, com "o objectivo ou o efeito de afectar a dignidade do trabalhador e criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador.” 


A maioria das vítimas de assédio moral no local de trabalho não apresenta queixa pelo receio das represálias que podem vir a sofrer nas empresas.

Apesar do sistema ser por norma considerado pró-trabalhador, o assédio moral é difícil de provar, o que igualmente gera o medo ao assediado de lutar em vão. 
As vitimas destes actos de violência (verbal, comportamental) deixam-se afectar pela morosidade da justiça e pela questão de fazer prova (não se pode muito contar com colegas, que assistindo diariamente, não se vão expor a represálias!). 

Há ainda a questão de que o universo empresarial, as autoridades e a própria comunidade percepcionam muitas vezes o assédio moral como chefias exigentes vs. colaboradores que não aguentam a pressão.

O assédio no moral reflecte sintomas psicológicos de quem o pratica, claramente, mas também abuso de poder e uma forma de "empurrar" empregados indesejados para a rua sem ter que pagar a devida indemnização. 

Fala-se muito em desemprego mas convém começar a perceber que esta forma de acosso é uma realidade (100.000 portugueses são alvo, de acordo com as estimativas) e afecta quem dele sofre em todas as variáveis da sua vida. 

Havendo mais consciência, quem é vitima doesn't have to walk alone e não terá vergonha em "gritar", pois quem cala, consente.

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