Eu diria que estas coisas me tiram do sério se não fosse já reagir a elas com uma indiferença mortífera.
Tenho muitos defeitos, um deles é a minha tendência para ajudar. Ajudo amigos, conhecidos, desconhecidos, o que vier à rede. Não o faço à procura de medalhas, condecorações ou dinheiro. Faço-o naturalmente e se me for possível. Não sou nem missionária nem tontinha para me oferecer para ajudar em coisas que me escapam ou requerem que eu vá a pé a Coimbra B.
O Moço está sempre a chamar-me à razão de que podia eu própria pedir ajuda. Mas isso já é uma tarefa muito complicada.
Não faço nada à espera de retribuição (isso chama-se ou trabalho ou corrupção), quanto muito por uma expectativa "piquena" de que o cosmos um dia também me dê uma ajudinha, coisa que claramente está escassa. Se o faço é porque na minha ideia todos devemos fazer algo pelos outros, se tiver nas nossas capacidades. Mesmo que seja a única pessoa no cabrão do universo a pensar assim, que seja. Não vou mudar o meu modo de ser por causa dos outros, dos quais eu seja diferente.
Tendo trabalhado anos e anos numa determinada área, tenho consciência que fui muito abordada por interesse. Isso é que me irrita. É receber emails de pessoas com quem não falo há meses, às vezes anos, com um "Olá, tudo bem? Temos que almoçar. Já agora...". Menos, gente, menos. Eu não me importo que apareçam de repente a pedir ajuda mas façam-no de modo honesto. Não com floreados hipócritas. A lata tem que ter limites.
Também acho particularmente interessante, de um ponto de vista sociológico, e de falta de vergonha na cara, pessoas que estão na merda, pedem descaradamente por favores (networking, descobrir informações, divulgação de actividades, por exemplo) e quando já não precisam, eliminam-me da cadeia alimentar e, inclusive, recusam-se a dar-me uma força.
Se vou mudar? Dificilmente.
Mas sim, quando digo que odeio pessoas, em conceito macro, não estou a ser uma drama queen.
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