Hoje, na TSF, Ken de Massamá explicava em directo como fazia as farófias sem receita, tudo a olho, graças ao ancião cozinheiro que tivera em África e que com paciência lhe ensinara a arte da doçaria.
Amoroso, não?
Fiquei bloqueada sem saber como reagir perante este "piqueno" acontecimento marcante na minha existência. Como não sou pessoa de ficar sem formar opinião, andei o resto do dia a pensar no raio das farófias do PPC.
Por um lado, humaniza o candidato. A Ken, de voz ligeiramente rouca, bem colocada e afável, imaginava-o a sorrir com o seu ar calmo e quiçá sedutor e a desfrutar do momento em que era senhor do "palco" e contava uma parte da sua vida pessoal, tornando-o mais real ao eleitorado.
Não será despiciente que esta semana, esse colosso da investigação jornalistica, a TV 7 Dias, venha a terreiro com 3 episódios da vida de "drama" de Ken que o aproximam ao cidadão comum: a doença do irmão, a doença de uma das filhas, o crédito à habitação da ex-mulher que está, ainda, a seu cargo.
Ao ouvi-lo até parece uma pessoa agradável, simpática e aligeirou a carga de tensão que a campanha gera neles - candidatos - e a nós, que os temos que ouvir.
Ok, então aqui temos o politico versão Obama, vulgo, à americana, de portas abertas à sua intimidade.
Não obstante, e por muito que debater farófias às 9H00 da manhã seja consideravelmente mais simpático do que discutir sobre a troika, FMI e afins, não deixo de pensar se, perante a evidência de que nesta campanha nada de IMPORTANTE foi abordado directa e profundamente, não será ligeireza a mais. Quer dizer, de soluções concretas pouco ou nada se escuta, mas de farófias a receita está na ponta da língua.
A chatice é que esta coisa ficou a remoer-me. E garanto que se aquela emissão radiofónica tivesse uma audiência massificada, as sondagens iam todas para o lixo e o Ken de Massamá, mais as suas farófias made in Africa, ganhava com larga margem.
PS. Ao final do dia li as respostas de PPC às 25 questões que a Visão lhe colocou. Que coisinha mais sensaborona. Discurso milimetricamente pensado, sem espaço para erro, politicamente correcto e cheio de clichés. Ken de Massamá - O Aprumadinho! Que coisa mais sem sal, sem graça! Deve dobrar o pijama de manhã, antes de sair de casa. Arre!
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