Há uns anos tive uma colega de trabalho que, depois de muita insistência, confessou que se tinha divorciado depois de descobrir que o marido andava enrolado com a melhor amiga dela. À séria. Não era peso em cima de vez em quando, era um processo de encornanço continuado. Parece telenovela da TVI, mas não: aconteceu mesmo.
M., nascida numa das famílias mais tradicionais do pais, fez o chinfrim todo a que teve direito e ao chegar a casa, vá lá disto, e aliança e anel de noivado foram direitinhos ao banho do autoclismo.
Quando ela nos contou isto, pairou um silencio terrível na sala. Que o gajo fosse um traste e a amiga não fosse amiga coisa alguma, nós aguentamos agora o anel deitado fora... Ui, isso não.
Quando lhe perguntei, como se não fosse nada importante, se era uma jóia da família dele, a M. disse apenas que era de uma marca francesa qualquer, "Chaumet ou assim" e começou com as mãos a explicar o formato. Era um Liens. Com ponte em brilhantes. E a aliança vinha da mesma casa.
A M. tinha assim as suas parvoíces (todos temos) mas se tivesse ficado noiva, das duas vezes (voltou a casar uns anos depois e com direito a um anel que era uma "bomba"), na era do FB ou do Tweeter ou dos blogues, e por muito feliz que estivesse, jamais dissecaria o anel de noivado. Nem que a acusassem de o ter roubado.
Se era ouro branco, rosa ou amarelo, se tinha diamantes ou brilhantes, se fora feito à medida ou era parte de uma colecção, ela nunca faria disso alarve. Não que fosse escondê-lo ou fechá-lo no cofre. Mas porque há coisas que não se trazem à arena. Tem-se e pronto.
E este relambório todo porque? Primeiro porque adoro Liens da Chaumet e preferia dar cabo do carro*** do gajo a mandar para os peixinhos um anel lindo daqueles.
Segundo, e moral da história, as pessoas são todas iguais mas de facto há muito que nos separa. E ainda bem. Até porque há pessoas que confundem ter acesso ao ensino superior e ter sucesso com educação e saber estar.
Ser vulgar é das piores caracteristicas que uma pessoa pode ter, até porque por norma há um orgulho "aburguesado" associado.
E lembrei-me disto, é tudo! São alucinações da minha mente!
*** o carro do traidor era "só" uma carrinha topo de gama da BMW, mas a M. também nunca o comentava. Eu tinha-lho riscado à mesma.
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