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Ele há dias (II)

Já vai com dia de atraso porque ontem só me apetecia dar marteladas na cabeça, a mim própria.

Saí de casa sem pequeno almoço, sem tempo para o tomar, derrotada pelo sono. Esqueci-me das bolachas para apaziguar o estômago, do verniz amarelo (merda, merda!!!) e, o impensável, do telemóvel. Isso... pois! Ficaram os dois a repousar no sofá.

Opção seguinte de quem está sem telemóvel: €1,20 gastos numa cabine que "comeu" o dinheiro mas funcionar, ahn, ahn, 'tá quieto! Desesperante. 

Unhas voltam ao Aloha. As dores no joelho continuam, vou à farmácia e depois de um exame pela farmacéutica (que até então apenas me recomendara gelo e Betadine), a senhora ficou branca e vim atestada: Bepantene, pensos especiais para proteger a ferida e anti-inflamatório.

€50 depois, a amaldiçoar o filho da puta do dia em que sai de casa para me dar ao trabalho de ter uma queda, sentia-me uma velha com tanta medicação: os da cabeça avariada, os das tonturas, o anti-inflamatório, a pílula, os suplementos vitaminicos. Uma festa pegada. Se sou apanhada numa rusga julgam-me viciada. O que é preocupante porque os meus dealers são marcas de café, a Zara, a Massimo Dutti e lojas de óptica.

Porém, no meio destes pequenos percalços da vida de gaja,  o transtorno de não ter um telemóvel à mão de semear é, na essência, brutal. Em menos de uma geração, ficámos dependentes desta "piquena" máquina de ligação ao mundo até à dor física.

Como comunico ao Moço que estou temporariamente info-excluída e não tenho puto ideia de como será o resto do dia?  Preciso de falar com uma amiga mas nem recorrendo aos telefones de ajuda externa o consigo porque não consigo saber os números dos seus dois telemóveis de memória. E ver as noticias? Confirmar o email? Espreitar o FB? 

Podíamos até ter vidas mais tranquilas sem telemóveis mas que eles dão um jeito desgraçado, dão! Garantem-nos que não estamos sós, abandonados numa ilha com uma bola de volleyball.

Pelo sim, pelo não hoje já andei à procura de uma mini agenda para os números de contacto mais urgentes. 

Comentários

Unknown disse…
Mesmo diazinho de treta! Parece-me um daqueles em que mais valia teres ficado na cama, não?
E concordo plenamente que estamos cada vez mais dependentes dos telemóveis e isso só torna a nossa vida mais difícil quando por algum motivo ficamos incontatáveis!

Beijos e as melhoras do joelho!
Mónica disse…
Miss Blanche, foi mesmo umteste de stress, tipo daqueles dos bancos. LOL. Acontece-me com frequência mas desta vez sem telemóvel foi mesmo no limiar da sanidade. Quando está tudo a correr mal pelo menos o telemovel permite me jogar solitario ou mandar SMS para desanuviar! LOL

O joelho, apesar de armado em parvo, estou-lhe a dar luta.

Um bjo e obrigada pela mensagem.

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