Primeiro, é a voz. Que deixa cicatrizes. Esse natural tom que faz a pele estremecer sem que um dedo sequer tenha pousado nas costas arqueadas de antecipação ou no rosto pedinte de um toque.
Depois, o cheiro. Um aroma de terra, de quem contempla o céu desde o mar. Quem ama praia e tem sal no espírito.
E um sorriso que rasga sem vergonha, sem medos, com vontade, o caminho até aos olhos dela, genuíno de charme e calor, apetecível de desejo, único de criancice pura.
As mãos em constante rodopiar, a aterrar nela, trazendo-a para próximo, mesmo quando a viagem é longa, com carinho, cumplicidade e protecção como se ela fosse especial.
Mas no beijo, pousado no ombro, deixado cair com volúpia nos lábios, revela-se tudo. Sem segredos. Sem pudores. Aqui, agora. Já. Intenso. Como adolescentes felizes que fizeram gazeta à escola. Como adultos que trazem suave sabor de vinho tinto nos lábios. Intoxicados.
Comentários