O medo. O medo de gostar de alguém torna-se inato.
Transforma-nos. Lutamos e lutamos contra isso, inventamos desculpas, desligamos telemóveis, apagamos rastos de mensagens, dançamos sem parar entre a solidão de corações danificados e o refúgio em tantos outros braços.
Os beijos que desejamos, que não chegam, trocamos por beijos que nos pareçam um instante de serena insanidade que nos provoca uma onda de esquecimento.
A leveza que se sente é mais forte, sobrepõe-se, é irresistível.
Mas a sombra dos medos, dos falhanços, dos gestos retraídos no outro, dos recuos declarados que nos deixam qual caminhante perdido no deserto sem guia, os silêncios longos que nos despedaçam que nem farpas. A impaciência incompatível com uma espera, as expectativas que se assomam e desvanecem qual miragem. Esta espiral de dor muscular assusta.
ausências sinuosas que nos fazem desacreditar.
Custa. É penoso. É uma constante deriva entre o querer, intenso, perturbador, verdadeiro, e a incerteza recheada por insegurança e desequilíbrios.
Gostar e ser-se honesto sobre esse rombo em nós, é uma irredutível forma de agressão.
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